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Não vamos ficar de cabeça baixa e caminhar pro matadouro, diz Gleisi no ABC

Manuela D’Ávila disse que é preciso resistir a esse ataque a democracia. Boulos, concordou com Gleisi sobre descumprindo à ordem. “Ninguém aqui está descumprindo ordem. Eles é que rasgaram a Constituição”

Mais de 24 horas depois do juiz Sérgio Moro decretar a prisão do ex-presidente Lula, que deveria se apresentar até às 17h desta sexta-feira (6), milhares de trabalhadores e trabalhadoras, representantes dos movimentos sindical e social, amigos, familiares e parlamentares permanecem em vigília dentro e fora da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.

Em nenhum momento Lula falou com a militância, apenas apareceu na janela do sindicato, por volta das 18h, para saudar a multidão, depois que a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, falou em seu nome, agradeceu o carinho e a solidariedade do povo ali presente.

Segundo a senadora, o Sindicato dos Metalúrgicos, local escolhido pelo ex-presidente para ficar perto do povo, da militância e dos movimentos sociais é o berço de Lula e do sindicalismo, apesar da opção de Moro dele se entregar em Curitiba, no Paraná.

“Sérgio Moro deu ao presidente Lula a opção de Curitiba, mas ele preferiu ficar num local público, com endereço conhecido e aos olhos do mundo, que acompanha essa situação esdrúxula, esse atentado à nossa democracia”, disse Gleisi se referindo a condenação sem provas imposta a Lula.

Em cima de um caminhão de som, dezenas de lideranças sindicais e políticas discursaram durante a tarde desta sexta em defesa de Lula, contra o Moro e a Rede Globo. A todo momento os discursos eram interrompidos pela multidão que cantava: “Olé, olé, ola, Lula, Lula…”, “Lula ladrão, roubou meu coração”, “Lula guerreiro do povo brasileiro”, “A verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura”, “Lula cadê você? Eu vim aqui te defender”.

À multidão que já estava no local, muitos desde ontem a noite, se juntaram centenas de trabalhadores da Volks, que saíram em passeata da fábrica em direção ao sindicato.

Em seu discurso, a presidenta do PT criticou também a grande mídia que disse que Lula estava afrontando a Justiça.

“Nossa opção de estar aqui não é uma afronta. O que a gente não pode é ficar de cabeça baixa e caminhar pro matadouro como gados”, disse a senadora.

Gleisi finalizou dizendo aos apoiadores de Lula: “Recebam o abraço e a gratidão dele. Lula sabe o que significa a presença de vocês aos olhos do mundo. Essa solidariedade vale muito”.

Entre os presentes no ato desta tarde estavam a deputada federal Luiza Erundina (PSOL/SP), que disse estar ali para defender a liberdade de Lula.

Para ela, há um grande preconceito da elite que não tolera que um nordestino, que tem metade da educação “deles”, um filho do povo tenha conseguido fazer o melhor governo desse país.

“Está sendo tramada uma enorme injustiça contra ele. São dois pesos e duas medidas, na Operação Lava Jato. Foi um processo apressado. Já as figuras do PSDB, como Aécio, continuam soltas e elas são responsáveis por crimes contra o povo”.

A pré-candidata à presidência pelo PC do B, e ex-deputada federal, Manuela D’ Ávila disse que a tarefa e responsabilidade da militância “é pacificamente permanecer em vigília”.

Já o coordenador do MST e pré-candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, disse que ver o Sindicato dos Metalúrgicos tomado pelo povo “é uma coisa extraordinária”.

Ele lembrou que há 40 anos o sindicato também foi palco da resistência democrática no país, quando a ditadura quis intervir no local e prender Lula.

“Novamente em São Bernardo do Campo é a capital da resistência democrática nesse país. Não estamos descumprindo ordem de ninguém; se alguém rasgou a Constituição nesse país foi quem condenou sem provas”, disse Boulos.

Estiveram presentes ao ato, o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, a senadora Fátima Bezerra (PT-RN), os parlamentares federais Maria do Rosário (PT-RS), o líder do PT na Câmara Federal, Paulo Pimenta (PT-RS), Jandira Feghali (PC do B/ RJ), o deputado estadual Barba (PT-SP), o ex-deputado Jilmar Tatto (PT-SP) e o pré-candidato pelo PT, ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, que disse “ não estamos mais dispostos a aceitar que injustiças aconteçam no Brasil”.

Missa em memória de D. Marisa

Neste sábado (7), a partir das 9h30, haverá na Sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, a missa de um ano do falecimento de D. Marisa Letícia, esposa do ex-presidente Lula.

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