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O que está aqui é a minha verdade, diz Lula em lançamento do livro

Na obra, o ex-presidente narra casos de sua vida pública e pessoal omitidos pela imprensa comercial e por quem o condenou sem provas

O livro “A verdade vencerá: o povo sabe por que me condenam” é resultado da conversa entre três renomados jornalistas e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, reconhecido mundialmente por ter tirado 40 milhões de pessoas da linha da pobreza e condenado sem provas por uma justiça parcial.

Escrito por Maria Inês Nassif, Gilberto Maringoni e Juca Kfouri, e editado por Ivana Jinkings, fundadora da Editora Boitempo, a obra foi lançada na noite desta sexta-feira (16), no Sindicato dos Químicos de São Paulo.

Com a casa lotada, o ex-presidente Lula contou casos, falou do passado, das derrotas nas quatro eleições presidenciais entre as décadas de 1980 e 1990, relembrou o surgimento da CUT e o nascimento do PT, falou do processo que o levou a um julgamento praticamente em praça pública por crimes que jamais cometera, e mandou uma série de recados aos homens que se escondem atrás de sentenças e se utilizam da imprensa comercial para condenar um inocente sem provas.

E foi justamente para falar sobre conjuntura atual pela qual o Brasil está passando, contar memórias e refletir sobre a construção da biografia do ex-presidente Lula – que se confunde com a história recente do Brasil – que a obra foi publicada.

Sorridente ao folhear o livro, Lula disse aos militantes durante o lançamento que, ao longo das conversas narradas na publicação, deixou bem claro que os entrevistadores poderiam perguntar o que quisessem, sem nenhum veto.

“Eu quero que vocês saibam que o que está aqui é exatamente a minha verdade. E a minha verdade é desafiar a verdade deles: eu gostaria de fazer um debate com [Sérgio] Moro, gostaria de saber as razões pelas quais ele me acusa”.

Lula disse que, se aceitar essa condenação como eles querem, futuramente poderá ser chamado de covarde por seus netos e bisnetos.

    Se eles quiserem me condenar eu os desafio a mostrar a todos vocês uma única prova de um crime que eu cometi

“Eles imaginavam que [com essa perseguição toda] eu iria colocar o rabinho no meio das pernas, que eu ia ficar quieto e com medo como faz político ladrão. Por isso eu não quero que eles me esqueçam. Eu quero que eles saibam que eu existo, saibam o que eu fiz para esse país e que vou fazer muito mais ainda”.

O seu maior crime, segundo Lula, foi ter criado o programa Bolsa Família e ter possibilitado que os trabalhadores e trabalhadoras pudessem ter dignidade com salários decentes e comida na mesa.

“Esse país não é deles, esse Brasil é nosso. O BNDES vai voltar a ser banco de investimento, o Banco do Brasil e a Caixa Federal também, a Petrobrás vai voltar a ser nossa. Precisamos convocar uma nova Constituinte para revogar essas reformas. E eu quero que eles saibam que cada coisa que eu fizer eu vou anunciar, e quero começar dizendo que trabalhador que ganha até cinco salários mínimos não pagará Imposto de Renda”, garantiu Lula.

“Eu vou escrever uma carta ao povo brasileiro, não para tratar do medo dos banqueiros, mas para contemplar a ansiedade, a angústia e o sonho do povo brasileiro de verdade, daqueles que trabalham para fazer desse país um lugar melhor”, finalizou.

Com 214 páginas, o livro A verdade vencerá: o povo sabe por que me condenam pretende ser referência em diversos países. A obra já está sendo traduzida para o inglês, francês e espanhol e deverá ser apresentada, em aproximadamente 45 dias, a diversas Feiras do Livro espalhadas pelo mundo.

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Personalidades presentes no ato de lançamento manifestaram, por meio de curtas falas, o que representa essa publicação em um período cuja incerteza política e violência institucional são parte da rotina da população.

A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann, comentou sobre a importância da obra e disse que existe muita intolerância e preconceito por parte da elite com o primeiro presidente operário do país. Para ela, é por isso que Lula continua sendo perseguido. “Então esse livro aqui é a verdade da inocência do Lula. E quando me perguntam por que insistimos em dizer que Lula é candidato se já foi condenado, eu repito: Lula é inocente e ninguém pode prender uma pessoa inocente!”

Para o jornalista Juca Kfouri, um dos escritores, cada pessoa, ao acabar de ler, se convencerá – ou não – da verdade do ex-presidente Lula. “Quero dar a garantia de que o que está aqui é um depoimento que não foi feito na base de levantar a bola do [ex] presidente Lula. Foi feito como deve ser feita uma entrevista e isto tanto é verdade que vocês já estão vendo na imprensa a repercussão de momentos que não são tão a favor, digamos assim. Porque nós [os quatro escritores] fizemos questão absoluta de trazer uma entrevista verdadeira, para ouvir a verdade do presidente Lula. E a verdade do presidente Lula está aqui”, apontou para a obra.

A cineasta Tata Amaral disse que muito foi feito pela cultura, pelas mulheres, pela igualdade racial e pela liberdade de gênero nos governos dos ex-presidentes Lula e Dilma, “porém ainda há muito o que fazer e é por isso que a gente quer Lula presidente e é por isso que queremos a restauração da democracia e do estado de direito no Brasil”.

Já para o representante do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais/CLACSO, Pablo Gentili, a publicação não apenas permite entender o momento atual de estado de exceção que virou o Brasil, como também o contexto no qual se exerce essa violência profunda de um golpe de Estado. “O Brasil vive hoje um projeto que se sustenta pela pedagogia do medo que pretende se instituir em toda a América Latina e fazer com que jovens desistam da política, abandonem a militância e tenham medo de governar, de lutar e conquistar espaços nos centros acadêmicos, sindicatos, universidades e nas fábricas. Esse livro, nesse sentido, é um grito de esperança.”

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, falou que é um privilégio conviver e ouvir diariamente as histórias contadas pelo ex-presidente e que agora alguns desses episódios poderão ser compartilhados. “Espero que esse livro possibilite que pessoas que sonham em fazer política, consigam evitar tragédias como as ocorridas nesses últimos dias”, disse, referindo-se ao assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e à violência promovida pela polícia da prefeitura de São Paulo em cima dos professores que protestavam contra perda de direitos, ocorrido na última quarta-feira (14).

 

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