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O que querem os metroviários em São Paulo?

Expansão desabou nas gestões tucanas, e a falta de investimentos e as suspeitas corrupção trouxeram o colapso. Metroviários querem salário e mais segurança e conforto para o usuário

A greve dos metroviários coloca novamente São Paulo diante de um de seus maiores problemas: o da mobilidade urbana.

A capital paulista é uma cidade em que as linhas do transporte sobre trilhos foram implantadas tardiamente. Enquanto metrópoles como Londres, Paris ou mesmo Buenos Aires começaram a instalar seus metrôs entre 1890 e 1910, São Paulo somente colocou em operação suas linhas em 1974. Mas os primeiros projetos remontam a primeira gestão do prefeito Prestes Maia (1938-45).

Os planos iniciais foram deixados de lado e somente na segunda metade dos anos 1960, quando a população já ultrapassava a marca de cinco milhões de habitantes, é que se iniciou a construção sistema.

Pequena extensão

Do início dos anos 1970 até hoje, a cidade implantou 75 quilômetros de linhas.

Se compararmos com metrópoles da periferia, que assentaram seus trilhos no mesmo período, como Seul e Cidade do México, a brasileira faz feio. Os dois municípios estrangeiros têm, respectivamente 287 e 226 quilômetros de vias, que cobrem boa parte da malha urbana.

O ritmo de construção diz muito sobre a dinâmica dos investimentos.  Nos primeiros 17 anos de operação – entre 1974 e 1991 – foram implantados 57 quilômetros de linhas. Um ritmo de 3,35 quilômetros por ano.

Nos 22 anos seguintes – entre 1992 e 2014 – foram assentados apenas mais 18 quilômetros. Aqui, o ritmo desabou para 770 metros por ano.

Este segundo período coincidiu com as administrações do PSDB, que fizeram do ajuste fiscal e da falta de investimentos sua pedra de toque.

Em 1970, a cidade tinha 5,9 milhões de habitantes. Em 1991, eram 9,6 milhões os moradores da capital e hoje temos 11,25 milhões dividindo esse imenso chão.

O que isso indica? Que enquanto a população crescia e a urbanização se espalhava de forma desordenada, o investimento no mais moderno sistema de transportes para grandes cidades se reduziu. E pior: uma das linhas, a amarela, que liga a Estação da Luz ao Butantã, é privada. Ou seja, o poder público não tem controle sobre planos de investimento e gestão.

Mesmo assim, esse metrô de reduzidíssimo tamanho é vital para a cidade.

A pauta de reivindicações

Os metroviários foram à greve como último recurso, após várias tentativas de negociação com o governo do PSDB.

O que querem?

Nada demais.

Pedem um piso salarial equivalente ao salário mínimo – isso mesmo, mínimo! – calculado pelo DIEESE, o que dá R$ 2.778,63 por mês e o reajuste dos salários para acompanhar a inflação.

A pauta de reivindicações estende-se por 98 páginas. A maior parte das demandas versa sobre direitos trabalhistas. Mas há solicitações de interesse cidadão, que devem merecer especial atenção. Entre elas estão:

– Uma gestão empresarial democrática;

– O fim à privatização, “para que todo o investimento em sistemas metroviários seja realizado através desta, com a imediata suspensão do projeto de expansão (…) através de PPP’s” [Parcerias Público-Privada];

– Combate à corrupção, com demissão e “confisco dos bens e cadeia para todos os corruptos e corruptores envolvidos nas denúncias de cartel no Metrô”;

– Deve-se também “reverter o dinheiro confiscado em investimento e em expansão do metrô público e com redução da tarifa, rumo à tarifa zero”.

Os metroviários não estão aí para atrapalhar a vida de ninguém. Querem retomada de investimentos, para que o sistema não entre definitivamente em colapso.

Para isso é preciso expandi-lo rapidamente.

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