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Os reflexos de uma primeira vez violenta

Para pelo menos uma em cada 16 mulheres dos EUA, a primeira experiência sexual foi um estupro – e as consequências na saúde são enormes

As informações são dos Estados Unidos, mas nos dão o que pensar: uma em cada 16 mulheres afirma que sua primeira experiência sexual foi um estupro, segundo um estudo publicado ontem no JAMA Internal Medicine. A conclusão veio a partir da análise de dados de um levantamento anual feito pelo Centro de Controle de Doenças daquele país (a Pesquisa Nacional de Crescimento Familiar), que pergunta às mulheres de 18 a 44 anos sobre o início de sua vida sexual. Pesquisadora da Cambridge Health Alliance e autora do estudo, Laura Hawks diz que isso é só ‘a ponta do iceberg’, já que provavelmente o número seria bem maior se a pergunta se dirigisse a mulheres de todas as idades.

A idade média das vítimas era 15 anos, enquanto a idade média dos parceiros-agressores era 27. Mais de 26% das mulheres disseram que foram fisicamente ameaçadas durante o encontro, 46%  foram fisicamente detidas, 56% foram verbalmente pressionadas a fazer sexo e 16% disseram que o parceiro ameaçava terminar o relacionamento se elas não transassem – e essas formas de coerção podiam acontecer todas ao mesmo tempo.

Uma descoberta importante é que, comparadas com as que tiveram uma primeira experiência sexual voluntária, essas mulheres tiveram maior probabilidade de apresentar uma série de problemas de saúde mais tarde, incluindo gestações indesejadas, abortos, endometriose e doenças inflamatórias pélvicas – uma das associações mais fortes foi entre mulheres que relataram condições ginecológicas ou pélvicas dolorosas. Como isso não costuma estar “no radar dos médicos”, Hawks acredita que eles devem encontrar maneiras sensíveis de rastrear as mulheres em busca de violência sexual e de perguntar sobre isso.

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