O SinPsi voltou à Avenida Paulista, em mais uma mobilização pelo veto do Projeto de Lei (PL) do Ato Médico, na noite desta quarta-feira, 3 de julho. Lá havia profissionais representantes de diversas áreas da saúde, como Enfermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Todos carregavam faixas pelo veto presidencial ao PL 286/02, que põe em xeque a autonomia destes profissionais no que diz respeito a diagnóstico e tratamento.
Enquanto pessoas passavam pelo vão livre do Masp, folhetos explicativos sobre os malefícios que o SUS e a população terão, caso o Ato Médico vigore. O objetivo desta mobilização foi esclarecer a população sobre o que é o PL do Ato Médico, que fere o princípio de integralidade do SUS, reduz a autonomia dos profissionais de saúde e promove reserva de mercado para planos de saúde.
“É fundamental que todos entendam o prejuízo que essa medida pode causar, principalmente na Atenção Básica. Ninguém aqui é contra nenhum profissional, mas rejeitamos a hierarquização com disputa mercadológica. Nós, que atuamos na Saúde, sabemos muito bem que promover Saúde não é tarefa de um profissional isoladamente”, disse Rogério Giannini, presidente do SinPsi, ao microfone, para a multidão.
Após a panfletagem, o grupo seguiu pela Avenida Paulista, gritando “Não ao Ato Médico. Veta, Dilma!” O recado era de que os conhecimentos devem se organizar juntos na construção da Saúde.
“Sonhamos com um tempo em que o conhecimento seja compartilhado entre os profissionais. Paciente não é linha de montagem, é um sujeito integral”, ressaltou Giannini.
Adesão
Mas há médicos que entendem os problemas deste PL e não só reconhecem a causa da mobilização como participam dela. É o caso do médico Eduardo Vieira, que deu entrevista exclusiva ao SinPsi, enquanto carregava uma das maiores faixas da passeata.
SinPsi: O que te trouxe à mobilização contra um projeto que regulamenta a sua profissão?
Eduardo: Estou aqui em defesa dos médicos, dos demais profissionais da saúde e, acima de tudo, em defesa do SUS. Defendo a regulamentação correta da Medicina, porém sem excessos, sem corporativismos, sem proteções ao mercado. Não aprovo a exclusão das demais profissões da Saúde, igualmente importantes no campo do SUS.
SinPsi: Seus colegas médicos compartilham do seu ponto de vista?
Eduardo: A maioria não. A categoria médica tem uma visão deturpada, acredita que quem está contra o PL do Ato Médico está contra a regulamentação da profissão. Mas é justamente o contrário. O que se deve enxergar é que nós, que estamos aqui, somos a favor desta regulamentação, mas sem excluir as outras categorias.
SinPsi: Os médicos também seriam prejudicados pelo Ato Médico?
Eduardo: Certamente os colegas que trabalham no SUS se prejudicariam com a regulamentação, da maneira como ela está hoje, pois ficariam sobrecarregados. Além disso, terão impostas decisões que não devem ser individuais, mas multidisciplinares. Cabe a todos os profissionais atender juntos, diagnosticar e realizar o tratamento, cada um com a sua devida competência.
Amanhã tem mais
Enquanto a presidenta Dilma Rousseff não veta o PL 286/02, a orientação é manter a mobilização. Portanto, o SinPsi convoca todas as categorias envolvidas no debate sobre o Ato Médico e a sociedade para ato em frente ao Hospital das Clínicas, Em Pinheiros, às 17h desta quinta-feira, 4 de julho.
Junt@s somos mais fortes.
Vamos dizer NÃO ao Ato Médico. #vetadilma