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Preconceito e barreira da mídia são destaques no Encontro LGBT

O último dia de debates do 1º Encontro Nacional de Arte e Cultura LGBT, realizado no Centro Petrobras de Cinema, em Niterói-RJ, teve dois interessantes fóruns temáticos: “Olhares e Reflexões sobre Cultura LGBT” e “Diálogos sobre Mídias, Redes Socais e Comunicação” (Visibilidade, expressões e militância).

Arte, dança e canto difundem a cultura LGBT.Arte, dança e canto difundem a cultura LGBT. O evento, que reuniu militantes da causa LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Trangêneros) de todo o Brasil, teve como a primeira missão do sábado (7), debater o assunto: “Olhares e Reflexões sobre Cultura LGBT”. 

A mesa formada por Elisa Gargiulo (Banda Dominatrix), Valéria Rocha (Diretora teatral), Sandro Ka (Grupo Somos), César Almeida (Ator e diretor teatral) e Verónica (Atriz/cantora) foi muito elogiada pelos participantes e levantou questões sobre o pequeno número atrações voltadas para o público LGBT, como também, a falta de incentivo do governo para que haja produções direcionadas a este nicho que tem um vasto campo cultural e a necessidade de transformar o produto cultural LGBT em algo atraente para o mercado.

A arte da dança, do canto e de interpretar são consideradas pelos militantes da causa gay e trangêneros como instrumentos capazes de difundir em larga escala a cultura LGBT. Segundo a travesti, cantora e atriz, Verônica, essas performances quando bem feitas, cativam qualquer um, mostrando que a sexualidade não pode determinar o talento de uma pessoa. “Mal ou bem, todos que têm uma escolha sexual diferente dos padrões estabelecidos pela sociedade, é um ser humano, um cidadão e que merece respeito”, defendeu a artista.

Já a segunda abordagem do dia ficou por conta do tópico: “Diálogos sobre Mídias, Redes Sociais e Comunicação” (Visibilidade, expressões e militância) discutido não só pelo público, como também, pela mesa composta por Jean Wyllys (deputado federal), Paulo Vespúcio (roteirista do filme: O casamento de Gorete), Roberta Salles (jornalista) e Marcos Rocha (Fábrica de Imagens). Entre várias considerações, os convidados deram ênfase à questão da censura a arte voltada para o LGBT.Durante a mesa, surgiu a ideia de se criar uma rede de cultura que atravesse todas as regiões do país e todas manifestações artísticas, proposta que se tornou a principal reivindicação do encaminhamento final do evento.

O debate falou sobre o papel dos produtores de mídia na difusão da cultura LGBT; a força que o segmento pode ter na rede, através de sites, blogs e vídeos, que geram um patrimônio cultural de linguagem própria; a falta de oportunidade dos profissionais que se encaixam nesse perfil; e a dificuldade de colocar em pauta, nos principais meios de comunicação, assuntos relacionados à cultura LGBT.

Em pauta, a criação de uma de cultura LGBT

Um dos destaques da roda foi o depoimento do diretor e roteirista Paulo Vespúcio, que afirmou que já teve filmes vetados por serem destinados ao público gay/trangêneros ou mesmo por ter na história casos que contemplassem a causa. Outra consideração feita pelo roteirista do longa “O casamento de Gorete” foi a falta de patrocinadores para as produções. Segundo Vespúcio, o empresariado não costuma apoiar a arte ou mesmo eventos que levantem a bandeira LGBT, apontando para esse fato, uma das causas de ter que adaptar as suas produções para que se torne “vendável” as distribuidoras.

Por fim, o debate de encaminhamento resumiu as discussões de todo o Encontro e redigiu o documento final a ser apresentado ao Ministério da Cultura. Entre os pedidos, está a criação de uma rede de cultura LGBT que coloque os artistas e realizadores em comunicação, além de facilitar o acesso ao governo, e a conquista de mais espaço para a população trans, ainda muito renegada no meio.

O 1º Encontro de Arte e Cultura LGBT contou ainda com stands para venda de livros com abordagem a cultura LGBT, além de exposições sobre este universo como: Figurinos In Drag, com curadoria de Almir França e coordenação de Felipe Carvalho. A última noite de discussões foi encerrada com a apresentação da tradicional Escola de Samba Unidos do Viradouro e com a abertura do palco para os artistas presentes ao evento.

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