Notícias

Professores de escolas ocupadas de SP são ameaçados de sofrer corte nos salários

Professores de escolas ocupadas por estudantes, em protesto contra o fechamento de pelo menos 94 instituições de ensino pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), estão sendo ameaçados por diretorias de ensino de corte nos salários, de acordo com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). O motivo seria a entrega do cartão de ponto incompleto, já que, com a ocupação, os professores não conseguem dar aulas.

“Estamos orientando os docentes que essa postura é ilegal, já que foi um ato deliberado exclusivamente pelos alunos. As escolas estão ocupadas e quem está fora não pode entrar”, afirmou a conselheira da Apeoesp Regina Sena, alocada na regional Sudeste-Centro, da capital paulista. Ela confirma que professores das regionais Norte e Centro-Oeste também estão recebendo o mesmo tipo de ameaças, além de docentes do interior do estado.

Procurada, a Secretaria Estadual de Educação não se pronunciou até o fechamento da reportagem. “Já pedimos uma reunião com a responsável pela nossa diretoria de ensino para esclarecer a situação”, acrescentou Regina.

O professor Luís Mendes, que leciona História na Escola Estadual Ana Rosa Araújo, ocupada na manhã da última sexta-feira (13), foi um dos que recebeu ameaça de corte nos salários. “Entendemos que isso é um ação para nos afastar da luta dos alunos e influenciá-los a desistir. Mas os professores que estão com eles continuam”, afirmou.

O governo Alckmin justificou o fechamento das escolas dizendo que vai reunir apenas alunos do mesmo ciclo – fundamental I e II e médio – nas escolas e com isso melhorar a qualidade do ensino. Professores e estudantes temem que as mudanças levem à superlotação de salas, demissão de docentes e à redução de salário decorrente da redução de jornada. Além disso, a Apeoesp acredita que o número de escolas a serem fechadas será muito maior.

Mais uma vez Alckmin troca diálogo por violência

Será que o governador Geraldo Alckmin esperava por um número crescente de escolas ocupadas, após anunciar a malfadada reorganização? Acostumado a truculência, Alckmin colocou sua polícia nas portas das escolas, fazendo valer a violência no lugar do diálogo.

Mas a juventude surpreende, sim. E faz muito bem em se fazer presente nesse ato de cidadania. Para o SinPsi, essa participação dos jovens, ocupando as escolas, é mais que necessária; é fundamental, é renovadora. Os que estão chegando agora ao debate e ao embate político – quando esse se faz necessário – têm muito o que ensinar à sociedade.

“É curioso, pois essa mobilização toda, na capital e no interior, de alunos e alunas das escolas que entraram na lista negra do nosso governador, traz à tona um questionamento: não era lugar-comum dizer que os estudantes não se interessam pela escola? O que é essa ocupação toda, senão um gesto desesperado de interesse? Eles estão transformando um conceito. Eles já entraram pra história desse país”, analisa Rogério Giannini, presidente do SinPsi.

Que venham mais e mais ocupações até o governo do estado de São Paulo entender que, sem diálogo, não passarão!

Deixe um comentário