As palavras de ordem “Congresso, presta atenção! Manter o veto é saúde pra nação” e “Dilma vetou, a saúde gostou” deram o tom da manifestação que reuniu mais de mil pessoas nesta terça-feira (6/8) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Profissionais de 13 áreas da saúde, usuários e estudantes solicitam aos parlamentares a manutenção do veto à Lei 12.842/2013, que regulamenta a atividade médica no País, conhecida por Ato Médico.
O grupo se concentrou em frente à Biblioteca Nacional e fez uma caminhada rumo ao Congresso Nacional portando faixas e cartazes em defesa dos vetos presidenciais ao Ato Médico. “Juntas, as profissões têm força e podem conseguir a manutenção e um direito que é de todas (os) profissionais e da sociedade”, alegavam os manifestantes.
Durante a manifestação, a conselheira do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Cynthia Ciarallo, frisou que a saúde não pode ser restrita a um único campo de conhecimento ou área profissional. “Sem os vetos, a saúde perde e compromete o SUS [Sistema Único de Saúde]”, disse.
Já o conselheiro do CFP, Celso Tondin, ressaltou que os vetos presidenciais demonstram que nunca houve consenso entre os profissionais da saúde. “O Congresso precisa rever sua posição e manter o veto. Trata-se de uma forma de garantir a integralidade da atenção à saúde”, defendeu.
A coordenadora do Fórum das Entidades Nacionais dos Trabalhadores da área da Saúde (Fentas), Eurídice Ferreira, ressaltou a importância da unidade das profissões de saúde na luta pela manutenção do veto. “A manutenção dos vetos congregou todas as profissões de saúde sob a cobertura do Fentas. Temos pessoas do país inteiro pedindo que o Congresso faça seu exercício e mantenha o que o povo está pedindo: uma saúde de qualidade”, frisou.
Eurídice lembrou, ainda, que as outras profissões não estão contra os médicos, mas que também são profissionais de saúde e merecem ter seu espaço conquistado. “A luta é em favor da saúde pública, para que possamos chegar ao objetivo da saúde preventiva. Sabemos que o trabalho no SUS é multiprofissional”, enfatizou.
O integrante da Coordenação Nacional de Estudantes de Psicologia (Conep), Thiago Ribeiro, afirmou que os vetos demonstram a importância do movimento, e destacou que a luta não pode parar. “Temos que continuar fortalecendo o movimento, pois queríamos o veto completo do PL, e agora temos que buscar o resgate possível dos retrocessos na área da Saúde”, considerou.
CFP
Marcelo Sidney Gonçalves, do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito), lembra que o projeto desconstruiu a autonomia conquistada pelas 13 profissões ao longo de várias décadas. “Se os vetos não forem mantidos a medicina tomará conta de todo o procedimento da saúde. As outras profissões avaliam se há ou não a patologia, portanto, a prevenção é o primeiro caminho para a melhoria da saúde da população”, completou Ricardo Bretas, presidente do Conselho Brasileiro de Óptica e Optometria (CBOO).
Vigília
Ao final da manifestação as entidades presentes convidaram os participantes a participar de uma vigília em frente ao Congresso Nacional, no dia 20, data em que o Ato Médico pode ser votado. Na ocasião, todos (as) devem vestir roupas brancas e pretas: cores da luta e da saúde.
Os profissionais da saúde também chamaram todas (os) a formarem grupos e parcerias para ocupar gabinetes dos parlamentares e exigir que mantenham o veto ao Ato Médico.
Manifeste-se pela internet
Além da presença nas ruas, também é possível manifestar apoio aos vetos presidenciais pela internet. Foram organizadas duas formas de contribuição com objetivo de dar força e voz ao movimento, um manifesto e uma petição pública.
O manifesto é enviado aos parlamentares e frisam a defesa aos vetos presidenciais, que já conta com aproximadamente 4,8 mil assinaturas (para enviar, clique aqui).
A petição pública: 100 mil pela saúde – abaixo-assinado pela manutenção do veto parcial da presidenta Dilma Rousseff ao PL do Ato Médico, para o Congresso Nacional. Mais de 15 mil pessoas assinaram (para assinar, clique aqui). A meta é chegar a 100 mil adesões.
Fernanda Magano
Diretamente de Brasília, a dirigente do SinPsi e presidenta da Federação Nacional dos Psicólogos (FenaPSI), Fernanda Magano, falou sobre a experiência de estar na mobilização pela manutenção dos vetos ao PL do Ato Médico.
“Havia mais de mil pessoas, em delegações de várias categorias, de diversas regiões. Depois da caminhada, foi legal nos dividirmos para panfletarmos nos gabinetes dos senadores e deputados. Foi muito positivo ver a dedicação do pessoal do Conep. Eles interromperam uma atividades que realizavam em Goiania, para se unir a nós. Eram mais de 90 estudantes fazendo questão de se manifestar a favor dos vetos”, afirmou, dizendo estar na expectativa da vigília do dia 20.
Fernanda lembrou da importância de todos os psicólogos e psicólogas do país se mobilizarem nesse momento.
“Vamos lutar sem cessar pela menutenção dos vetos. Acredito nessa vitória”, afirmou.