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Psicólog@s abrem Congresso Extraordinário da FENAPSI

Começou na noite desta sexta-feira, 7 de abril, o Congresso Extraordinário da FENAPSI, no centro de São Paulo. Com cerca de 120 participantes, dentre delegados e convidados, o evento traz como mote “Psicólogas/os contra a Precarização: FENAPSI na luta pela valorização da categoria e por mais direitos”.

Fernanda Magano, presidente que encerra seu mandato na Federação, fez a primeira fala da mesa de abertura. Saudou os presentes, ressaltando que as mulheres representam 93% da categoria, e pontuou a importância da união em um cenário de golpe político contra direitos conquistados há décadas.

“Queremos que o Congresso da FENAPSI traga à reflexão a importância da unidade da classe trabalhadora. Somos psicólogas e psicólogos, mas a Constituição Federal está sendo rasgada, as políticas públicas, desmontadas, fora os ataques fortíssimos contra nossos direitos. Por isso, não podemos nos reunir sem conscientizar aquel@s psicólog@s que muitas vezes lidam com sua realidade como categoria diferenciada, como não atingida por todo esse desmonte que está acontecendo da Previdência, por projetos que impedem concursos públicos e repasses financeiros para políticas públicas de saúde e educação”, analisou Fernanda.

Assim, ficou definido o objetivo desses três dias de Congresso: construir uma Federação com sindicatos cada vez mais organizados, que concretizem as políticas ligadas ao que deve ser o norte da central sindical e daquilo que hoje urge – a unidade da esquerda brasileira.

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“A presença do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na mesa são justamente para fazer mesmo um movimento que pense as políticas para a categoria, casadas com as políticas para a classe trabalhadora como um todo”, frisou a presidenta, que também preside o SinPsi de São Paulo.

Além de Fernanda, formavam a mesa de abertura Rogério Giannini, presidente do CFP; Vânia Machado, da Comissão Organizadora do Congresso e do Sindicato dos Psicólogos de Santa Catarina; Maria Aparecida Faria, da secretaria geral da CUT Nacional; Aristeu Bartelli, presidente do CRP-SP; Paulo Salvador, diretor do portal Rede Brasil Atual; e Hélcio Marcelino, secretário de organização da CUT-SP e tesoureiro da FETSS.

Maria Claudia de Oliveira, da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), e do Fórum de Entidades Nacionais da Psicologia Brasileira (FENPB), não pôde comparecer à abertura do Congresso e mandou carta de saudação, que foi inteiramente lida por Fernanda aos presentes.

Com a vez de fala, Rogério Gianinni considerou a importância estratégica da atividade e ressaltou o fato de estar como delegado do Congresso Nacional de Psicologia (CNP).

“Provavelmente eu estaria aqui por vontade própria, pela minha trajetória. Fui dirigente do SinPsi por muitos anos e também dirigente da CUT. O CNP decidiu democraticamente como tarefas da Psicologia uma série de ações em prol do exercício profissional. E os colegas aqui presentes sabem o que significa o compromisso de fazer deliberações coletivas e democráticas da categoria”, disse.

Gianinni considerou que, de todas as tarefas, vale destaque a do mundo do trabalho se contrapondo aos ataques golpistas.

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“E em se tratando do mundo do trabalho da Psicologia, a FENAPSI se constitui como a entidade mais estratégica de todas. É nossa infantaria. Ainda mais na conjuntura atual, quando no processo de terceirização está em jogo o desmonte do Estado, das políticas públicas e dos concursos públicos. Hoje a Psicologia se expressa em grande medida nas políticas públicas. Não há como defender a profissão como Ciência e Profissão se não for pela estruturação das políticas públicas, transformando o serviço como direito da cidadania brasileira”, finalizou o presidente do CFP.

Políticas Públicas

Falando em nome da CUT-SP, Hélcio Marcelino, que também é dirigente da Federação de Trabalhadores em Seguridade Social, sugeriu que, talvez, todo democrata que vive no Brasil ainda esteja atordoado sem entender efetivamente o que está acontecendo no cenário político.

“Não é só o serviço público que a sanha golpista está tentando assumir. Há um desprezo enorme por políticas públicas. Não sou psicólogo, mas desconfio de que isso esteja muito ligado ao sadismo da classe média, que apanha da burguesia e precisa descontar em quem é mais fraco”, refletiu, lembrando da importância da construção da greve geral do dia 28.

Citou o extermínio das populações originárias no Brasil foi o mote da fala inicial de Aristeu Bartelli. O presidente do CRP-SP delineou um breve apanhado histórico sobre pessoas usadas e nunca reconhecidas como seres humanos. E não deixou de apontar a arrogância das elites para com essas.

“Nossa História nunca foi muito honesta, assim como a luta pelos Direitos Humanos, feita sob muito sangue e desrespeito”, afirmou, logo em seguida traçando um contraponto entre a ditadura e o período de avanços nas políticas públicas brasileiras, que teria ocorrido a partir das bases. “Política pública é transformar o aparato do Estado em vida”, refletiu, recebendo apoio dos presentes.

Último da mesa de abertura a falar, Paulo Salvador relembrou o encantamento que teve com a categoria d@s psicólog@s, quando teve o primeiro contato, na Mostra Nacional de Psicologia, evento que reuniu profissionais de todo o País no Anhembi, em 2012. 

“Agora estamos aqui, juntos, lutando pela democratização da mídia, usando a comunicação sindical como ferramenta contra o golpe. Em tempos de mídia golpista, é mais que necessário fazer a informação chegar corretamente à categoria. Queria parabenizar a categoria por esse evento e agradecer o convite”, disse.

Após a abertuta, aconteceu a palestra “Os governos e os trabalhadores: conjuntura política, pacotes de austeridade e ajuste fiscal”, proferida por Paulo Salvador e Maria Aparecida Faria. Os palestrantes fizeram uma análise de conjuntura minuciosa, com sequente abertura para debate.

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