Neste mês, o Sindicato dos Psicólogos de São Paulo (SinPsi) completa 40 anos de atuação. Para a categoria, um marco na defesa dos interesses da profissão e da sociedade, em um binômio que se articula e se dinamiza cada vez mais. O SinPsi logra vitórias e derrotas e segue sempre apostando na capacidade dessas mais de 70 mil psicólogas e psicólogos do estado atuarem como agentes da transformação da profissão e da sociedade.
No histórico de lutas do SinPsi, algumas se destacam, como a aprovação da regulamentação da jornada semanal de 30 horas, cujo Projeto de Lei acaba de avançar na Câmara dos Deputados, aprovado por unanimidade na Comissão de Finanças e Tributação. A atuação se dá de maneira articulada com outras entidades da profissão, com destaque para o sistema Conselhos e Federação Nacional dos Psicólogos (FenaPSI), e com o movimento sindical – Central Única dos Trabalhadores (CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) e Federação dos Trabalhadores em Seguridade Social (FETSS). Mas há também todo um trabalho desenvolvido com os movimentos sociais, tanto com causas antigas quanto com causas novas, já que o tempo e os sonhos não param. E foi assim que o SinPsi saiu às ruas contra a internação forçada, o Ato Médico e o nefasto PL da “cura gay”.
Histórico
Apesar de ter conquistado a carta sindical em 20 de agosto de 1973, pouco se sabe sobre o SinPsi nos anos que antecedem 1979, ano em que o SinPsi foi dirigido por um militar. Quem conta isso, em vídeo produzido em 2007, é a renomada psicóloga Ana Bock, hoje professora da PUC, e à época jovem formada há apenas três anos. Ana e um grupo de destemidas psicólogas, em plena ditadura militar, organizaram chapa de oposição, fizeram campanha de filiação e ganharam as eleições. Inauguram uma nova fase no sindicato, que também seria uma nova fase do sindicalismo no país.
O cenário era inspirador: um ano antes, em 1978, greves na região do ABC puseram em xeque o chamado sindicalismo pelego e oposições sindicais se espalharam país afora, em categorias como bancários, químicos, professores e, modestamente, também na categoria dos psicólogos de São Paulo. Esse vigoroso novo movimento sindical desembocou na Confederação Nacional das Classes Trabalhadoras (CONCLAT), em 1981; e na fundação da CUT, em 1983. E o SinPsi estava lá.
Nas décadas que se seguiram, o SinPsi sempre esteve ativo. Os anos 1980 foram marcados pelo intenso debate sobre o caráter do exercício profissional – afinal eram os psicólogos profissionais liberais ou não? Seriam trabalhadores com vínculos muitas vezes precarizados?
Os anos 1990 foram os anos do avanço das políticas públicas no país. Pouco antes, em 1989, com o país já redemocratizado, implantou-se o Sistema Único de Saúde (SUS) e a psicologia passou a ser acessível nas Unidades Básicas de Saúde. No entanto, foram também anos de neoliberalismo, de crise econômica, de forte tendência a novas formas de precarização do trabalho, fatores que levaram o movimento sindical a sofrer revezes. O SinPsi quase fechou as portas para se fundir ao sindicato geral da saúde, mas seguiu firme.
Os anos 2000 foram marcados por muitas mudanças no campo de trabalho, com mais políticas públicas, destacando a Rede Substitutiva criada a partir da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001) e multiplicando a inserção do profissional de psicologia neste setor, no judiciário, no cuidado com a criança e o adolescente e em outras áreas.
Nos anos mais recentes, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), implantado em 2005 e modificado em 2011, deu novo impulso à inserção da psicologia em políticas públicas, apontando um novo caminho, o reconhecimento social da profissão e sua relevância na construção dos direitos sociais. É a psicologia participando na construção do bem comum.
Nos 40 anos de atividades, o SinPsi trabalha para ter ainda longa vida, com dirigentes agindo de maneira coerente com a história de tantas lutas e ousando seguir em frente.
Viva o SinPsi, viva a luta dos trabalhadores.