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Saúde não se faz só dentro do hospital’, diz Padilha à RBA

Para ministro, programa Mais Médicos pode mudar a mentalidade do SUS para uma lógica mais ligada à prevenção

São Paulo – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou hoje (28), em entrevista exclusiva à Rádio Brasil Atual, que o programa Mais Médicos é “talvez o maior passo para o fortalecimento da atenção básica de saúde” no Brasil e que ele pode ajudar a mudar a lógica do Sistema Único de Saúde (SUS) para um atendimento mais ligado à prevenção.

“É muito importante mudarmos a mentalidade do SUS: não podemos ter a mentalidade que a saúde só se faz dentro de um hospital. Ela começa fora, onde as pessoas moram, e a atenção básica tem um papel decisivo nisso”, disse.

“Ontem (27), divulgamos o dado de que, pela primeira vez, a população brasileira está acima do peso. É com ações preventivas, com profissionais de saúde que recomendem hábitos alimentares e atividades físicas, que vamos construir um Brasil menos doente.”

Cubanos

Na noite de segunda-feira (26), um grupo de 96 médicos estrangeiros que vieram ao país pelo Mais Médicos, entre eles 76 cubanos, foram vaiados e chamados de “escravos” por médicos brasileiros do Ceará.

Questionado sobre as hostilidades, o ministro afirmou que está à disposição para esclarecer dúvidas sobre contratações. “Tomamos a iniciativa de levar os detalhes do programa para o Tribunal de Contas da União. Ontem, estive no Congresso Nacional repassando os termos do contrato com a Organização Pan-America de Saúde. Vamos buscar o procurador-geral do trabalho no Ministério Público para mostrar que todas as condições de trabalho serão garantidas”, disse. “O ministério vai acompanhar de perto se todas as condições de trabalho, para profissionais brasileiros e estrangeiros, estão sendo garantidas nos municípios.”

A presidenta Dilma Rousseff criticou hoje (28), em entrevista a rádios de Belo Horizonte, as agressões contra médicos cubanos. Ela considerou as hostilidades “um imenso preconceito”e lembrou que os estrangeiros “vêm ao Brasil para trabalhar onde os médicos brasileiros, formados aqui, não querem trabalhar, que são as regiões da Amazônia, do interior do Brasil e também as periferias das regiões metropolitanas”.

Segundo o ministro, a prioridade deve ser o atendimento aos mais pobre. “Nós temos que pensar na população brasileira. Tem mais de 700 municípios no país que não tem um médico residindo. Além disso, 701 municípios não foram escolhidos por nenhum profissional”, disse.

“O Ministério da Saúde precisa buscar todas as estratégias para levar os médicos para perto da população. Nós estamos pensando, em primeiro lugar, naquela senhora que vai ao posto de saúde com seu filho e não tem médicos, nas pessoas que precisam sair das suas cidades para fazer acompanhamento de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão.”

Equipamentos

Ele reforçou que a primeira ação do programa Mais Médicos é ampliar o investimento em infraestrutura dos equipamentos públicos de saúde. O ministério vai destinar R$ 100 milhões para obras de reforma e ampliação de hospitais universitários. “São 14 novos hospitais universitários sendo criados, exatamente para que possamos abrir mais vagas nos cursos de medicina, principalmente no interior e nas periferias das grandes cidades.”

Segundo o ministro, os estados e municípios são fundamentais para o sucesso do programa. As prefeituras ficam responsáveis pela alimentação e moradia dos profissionais, brasileiros e estrangeiros, que se deslocarem para prestar atendimento no interior.

“Os médicos serão acompanhamos pelo ministério e pelas universidades, que farão a supervisão do trabalho de forma permanente, para não só levar médicos, mas buscar mais qualidade no atendimento à saúde, acompanhando a estrutura das unidades de saúde e a garantia de medicamentos em dia.”

Início do atendimento

Na próxima segunda-feira (2), médicos que já trabalham no Brasil e que se inscreveram no programa começarão a atender nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades, prestando serviço a pelo menos 4 milhões de brasileiros.

As inscrições seguem abertas, para profissionais e prefeituras, até sexta-feira (30), e serão reabertas no começo de cada mês. Em 4 de outubro, terá início um novo módulo de treinamento e avaliação de médicos estrangeiros.

“O Mais Médicos vai levar, mês a mês, médicos para unidades de saúde das periferias das grandes cidades ou dos interiores, onde não tem médico para atender a nossa população, buscando mudar a realidade daquela pessoa que procura uma unidade básica de saúde onde tem enfermeiro, técnico de enfermagem, remédios, mas não tem médicos.”

Ouça aqui a entrevista do ministro à Rádio Brasil Atual.

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