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Vidas negras importam

vidas negras importam

Por Cinthia Vilas Boas – Vice-presidenta do SinPsi

Todos os dias negros morrem pelas mãos do Estado, pelas mãos da polícia. Alguns são noticiados, como a morte do negro americano George Floyd no dia 25 de maio de 2020. Foi o estopim para manifestações em diversas partes dos Estados Unidos, capaz de unir pessoas de diferentes classes e etnias na luta contra o racismo e na defesa da democracia. Não à toa, o sentimento anti-racista cresce em todo o mundo.

O movimento VIDAS NEGRAS IMPORTAM, em 2014 surgiu com o objetivo de denunciar e mostrar a maneira agressiva que policiais americanos tratam vidas e corpos negros, reivindicando por justiça, para que esses policiais sejam acusados e respondam aos crimes que cometeram. No Brasil destacamos o movimento REAJA OU SERÁ MORTO, em 2007, contra o genocídio da juventude negra. Outra campanha importante, que merece destaque é JOVEM NEGRO VIVO, pela anistia internacional, em 2014. A campanha reflete que todos os jovens têm direito a uma vida livre de violência e preconceito. Vamos lutar por isso, e exigir políticas públicas de segurança, educação, saúde, trabalho, cultura, mobilidade urbana, entre outras, que possam contribuir para transformar esta realidade.

O Brasil é o país “campeão” de assassinatos no mundo: em números absolutos, mais de 58 mil pessoas morrem assassinadas por ano. A maioria são jovens entre 15 e 29 anos, São 63 por dia. Um a cada 23 minutos. João Pedro, foi um desses meninos considerados nessa estatística.

Os movimentos acontecem e podemos acompanhá-los. Assim como as mortes acontecem e podemos acompanhá-las, fazendo movimentações.

Outro acontecimento dos últimos dias, são as falas do presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, divulgadas recentemente pela imprensa, rotulando o movimento negro de “escória maldita”, Ele ocupa hoje um cargo de comando de uma instituição pública criada para promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira. Ainda criticou o Dia da Consciência Negra, classificando Zumbi dos Palmares como escravizador.

O resquício da escravidão afeta a vida e gera uma desvalorização das vidas negras. A ideia de que peles e corpos negros podem e devem sofrer mais violência ainda persiste arraigada em instituições, como a polícia.  Institucionalizado, o racismo aponta para uma necropolítica, o ato de matar pessoas ou deixar que negros e negras morram sem consideração por suas vidas, é uma prática constante.

Não vamos deixar o privilégio, ou a normalidade regra branca, acabar com o direito de ir e vir da população negra. Não vamos minimizar o sofrimento da população negra.

Psicólogas e psicólogos, o CRP SP, publicou recentemente, documentos orientativos frente ao racismo: https://crpsp.org/noticia/view/2531/como-ser-umaum-psicologao-antirracista?fbclid=IwAR0pru6ggYSllYMSscNQFkGtkNBDgeZn8rDBGzWpbEf4Hog9oTOjqv9fjVQ

Acessem. Somos contra qualquer tipo de preconceito!

Cinthia Vilas Boas – junho de 2020

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