Alguns meses em nosso calendário merecem ser destacados em função das datas em que neles são comemoradas, mas um deles: o mês de MARÇO É ESPECIAL em função da relevância de algumas datas que são comemoradas.
Já no inicío do mês o destaque vai para o DIA 08 DE MARÇO – DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES, a luta e a organização das mulheres em todo o mundo assegurou que no dia 08, as bravas guerreiras tivessem um dia dedicado a elas por toda a luta, mobilização e garra para assegurar igualdade de direitos e de oportunidades entre homens e mulheres.
Neste ano de 2013, mais um marco para este mês, a vitória das trabalhadoras e trabalhadores domésticos na primeira votação no Senado Federal para correção de uma injustiça contra estas trabalhadoras/es, a equiparação de direitos que já foram garantidos aos demais trabalhadores/as.
Mas é também no mês de março que referenciamos o dia 21, como aquele dia para homenagearmos e reverenciarmos os mártires na luta contra o racismo em todo o mundo. Mas no Brasil também comemoramos neste dia a criação da SEPIR (Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial) e também da promulgação da Lei 10.639/2003 (que institui o ensino da cultura e da história da África na grade curricular das escolas), que neste 21 de março comemoram 10 (dez) anos de existência e que sem dúvida alguma, tanto a criação da SEPIR como a Lei têm tido papel fundamental no combate ao racismo no Brasil.
No dia 21 de março de 1960, ocorreu um grande massacre na África do Sul , na cidade Johanesburgo, quando sulafricanos negros protestaram contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação para poderem circular em seu próprio país. No Bairro Shaperville foram barrados por tropas do exército que atirou contra população desarmada , causando 69 mortes.
Em 1976 após muita pressão dos movimentos de luta contra o racismo do mundo inteiro, a ONU instituiu o dia 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial ao condenar o regime racista da Africa do Sul, que só teve fim em 1994 com a chegada de Nelson Mandela ao poder.
Este dia para os negros brasileiros – e certamente também para nossos irmãos da África do Sul – permanecerá sendo um dia de luta contra o luto uma vez que ainda está longe o dia em que no Brasil (e no mundo) o racismo deixe de promover vitimas. Apesar disso a nossa luta tem demonstrado que dia a dia acumulamos vitórias, promovemos a diminuição do racismo e da discriminação racial. Muitos passos foram dados, mas muitos ainda restam!
Esta data chama a todos que lutam contra o racismo a ocupar espaços, trabalhar pela unidade dos diversos movimentos que lutam a favor do negro, pelo empoderamento das suas lideranças, denunciar cotidianamente o racismo, promover a igualdade racial na educação, no trabalho, nos espaços de poder e na mídia: são estas as tarefas principais colocadas diante de nós pela conjuntura atual.
No Brasil o racismo se apresenta de forma velada ou não, contra judeus, árabes, indígenas,ciganos, mas principalmente contra os negros. Mesmo compondo mais da metade da população do país essa grande maioria negra sofre intensa discriminação racial dos poderes culturais, políticos e econômicos do país compostos basicamente de brasileiros brancos. Assim, embora sendo maioria, os negros são perseguidos como se minoria fossem sendo-lhes vedado o acesso a melhores níveis de vida, educação, assistência médica de qualidade e cargos de poder.
Sabemos que a melhora das condições de vida da população negra se deu não apenas devido às políticas públicas, mas como resultado da organização e da mobilização do movimento negro, do movimento sindical e o crescimento da consciência racial do nosso povo.
Esse crescimento e amadurecimento permitiu que chegássemos a um momento muito especial de nossa história. Os negros brasileiros têm muito a comemorar em 21 de março de 2013. Não esqueçamos, contudo, que muito ainda precisa ser conquistado. Nossos jovens ainda sofrem com a violência policial, o desemprego e a falta de escolas afligem principalmente a população negra. Continuamos sendo as principais vítimas da falta de atendimento à saúde, somos os que têm as maiores jornadas e os nossos salários se mantém inferiores ao dos brancos que realizam as mesmas atividades. A representação política segue inferior ao nosso peso social e as manifestações religiosas e culturais de matriz africana seguem criminalizadas, desprezadas e deturpadas pelo poder instituído e pela mídia.