7.mai.2024 – Por Norian Segatto
No dia 11 de abril, o governo do Estado publicou edital para a entrega da gestão dos hospitais de Taipas e Vila Penteado para a iniciativa privada, por intermédio das famigeradas Organização Sociais (OS), que melhor se chamariam de Organizações Lucrativas, porque de social quase nada há nessas entidades. Em um recente evento público, o governador bolsonarista Tarcísio de Freitas chamou esses hospitais (e por tabela quem nele trabalha) de “ossinhos”, fazendo alusão de que os tubarões da saúde estão interessados no file mignon do sistema.
Audiência e denúncia
Diante disso, funcionários e usuários se mobilizaram para reagir e resistir à tentativa de mais uma entrega de patrimônio público. Na segunda-feira, 5 de maio, o auditório Teotônio Vilela, da Assembleia Legislativa (Alesp), lotou para receber uma audiência pública em defesa do SUS, contra a terceirização da saúde. O evento, organizado pela Frente Ampla em Defesa do SUS (da qual o SinPsi faz parte) e com o apoio do deputado Luiz Claudio Marcolino (PT), contou com a participação de funcionários dos dois hospitais que estão na mira da privatização, de trabalhadoras/es de outras unidades de saúde, da CUT estadual, Fenapsi, associação de usuários entre representantes de diversas outras entidades.
A codeputada Rose Soares (do mandato Movimento Pretas/Psol) alertou para os problemas da entrega da gestão dos serviços para a iniciativa privada. “Isso acarreta inúmeros problemas para as pessoas que mais necessitam… nós passamos por um processo de pandemia, e vimos a eficácia do SUS, sem ele teríamos uma tragédia ainda maior… sabemos que existe uma fórmula, do precariza e privatiza, e depois a população nem sabe para quem recorrer. Ninguém fiscaliza, ninguém sabe se o médico está em serviço ou não”.
Essa estratégia de desmonte pré-privatização e, após a entrega, a piora dos serviços, a falta de fiscalização e a perseguição a funcionários esteve presente na maioria das falas, que destacaram a necessidade urgente de mobilização, articulação com mais atores sociais e pressão para resistir às investidas do governo Tarcísio, que montou um verdadeiro balcão de negócios no governo para a entrega à iniciativa privada.
Saúde não é mercadoria
O presidente do SinPsi, Rogério Giannini, também presente à audiência destacou que ao tornar a saúde, que é um direito da população, em uma mercadoria, os efeitos sentidos pela população e pelos trabalhadores são imediatos. Ouça abaixo o comentário de Giannini para o site do SinPsi. As diretoras Priscila Takatsu, Vel de Freitas e Andreia Figueiredo, também estavam no ato, além de Fernanda Magano, que compôs a mesa representando a Fenapsi e o Conselho Nacional de Saúde.
Em sua fala, Fernanda (confira no link da transmissão a partir do 1:29:55) relatou as diversas atividades que já ocorreram e irão ocorrer ao longo do ano, que visam a resistir contra a política neoliberal. “Temos feito movimentos na esfera nacional para esse enfrentamento… a busca de orçamento para a saúde é um ponto candente que precisa ser frisado: o subfinanciamento do SUS e os desvios que vão acontecendo.
Unidade usuários e trabalhadores
Ao final de mais de três horas de audiência, a organização do movimento definiu uma série de ações imediatas, como o contato com parlamentares para reforçar a luta contra a entrega dos hospitais e outros equipamentos, e a abertura de concurso público; avançar no controle social como forma de políticas públicas para o setor e a realização de um ato em frente à Secretaria da Saúde, em data a ser definida.