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Mães x filhas adolescentes – como firmar um acordo de paz?

Quando pequenas, as meninas costumam ver a mãe como a melhor amiga, o porto seguro. Contam todos os segredos e a confiança parece inabalável.

No entanto, quando crescem e entram na adolescência, parece que mãe e filha vieram de planetas diferentes.

As jovens querem ser tratadas como moças, ter a privacidade respeitada e fazer tudo que as amigas fazem. E as mães têm dificuldade em aceitar que a autoridade está sendo contestada por aquela que costumava ser a princesinha da casa. Situações como essa podem desgastar a relação. Difícil para ambas as partes, é preciso cuidar para que a adolescência não faça mãe e filha virarem adversárias sob o mesmo teto.

“A menina quer ter seu espaço e ser reconhecida como alguém que pode decidir”, conta a psicanalista e terapeuta Dorli Kamkhagi, de São Paulo. Diante dessas atitudes, alguns pais sentem-se muito inseguros, pois veem no crescimento da filha a perda de seu lugar na relação. Mas essa é justamente a fase no desenvolvimento na qual a menina não quer mais ser tratada como criança. “É um marco importante na formação da personalidade e também no modelo de identificação que teve com a figura materna”, explica. Para que a filha se torne mulher é preciso que a mãe permita a passagem. “E isso leva a rever conceitos de beleza, envelhecimento, mudanças e perspectivas de futuro no qual nem sempre a mãe estará incluída”.

Um dos fatores que faz com que ocorra afastamento é a diferença de gerações. “Isso acontece quando as mães não aceitam o seu lugar de mulher mais velha, de conselheira”, conta. O fato de serem de épocas diferentes faz com que as progenitoras também percam seu posto de confidentes oficiais para as amigas da jovem. “O distanciamento faz-se numa forma tão devagar que, às vezes, nem percebemos que nossa filha já nem nos olha mais nos olhos”, pondera.

Frases como “ninguém me entende”, “está todo mundo contra mim”, “não vejo a hora de morar sozinha” estão na boca da maioria das adolescentes. É importante ressaltar que esse período da vida é marcado, também, pela efervescência de hormônios, onde as meninas mudam de humor com a mesma intensidade que descobrem uma fofoca ou trocam de ídolo musical. Somando essas constantes mudanças de comportamento ao zelo excessivo, à cobrança demasiada ou simplesmente a um ‘não’, o resultado tem denominador comum: portas batendo e caras emburradas. Situações como essas são inerentes à convivência familiar. “Limites e discussões existem. Não vivemos em um eldorado de emoções e as raivas e as brigas emergem”, afirma Dorli, que também é doutora em psicologia clínica.

Mesmo que as adolescentes pareçam ser um poço de rebeldia, onde é proibida a entrada de maiores de 18 anos, ainda assim são inexperientes e precisam que alguém com mais vivência lhes oriente e dê conselhos sobre como agir em determinadas situações. “A conversa entre mãe e filha é única, abre e propicia um espaço afetivo e de confiança que permite que outras relações no futuro também possam se estabelecer a partir desta união-amizade”, aconselha.

*Conflitos entre pais e filhos*
Entender as questões existenciais dessas meninas pode ser uma tarefa complicada para quem não faz parte do universo delas. Muitas vezes, as mães tentam se aproximar sem sucesso e sentem-se frustradas por não conseguirem estabelecer o vínculo que costumava ser constante quando a jovem era pequena. Mas mais do que querer saber o que se passa na vida da filha, as mães precisam ter ciência de que a adolescente precisa viver suas próprias experiências. Isso não significa deixar de impor limites, mas sim, permitir que descubra certas coisas sozinha. Sem invadir o espaço, você certamente vai ser aquela amiga que ela pode chamar de mãe.

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