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Terapia melhora estresse pós-traumático em até 80%, mostra pesquisa

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostra que um tipo específico de terapia de grupo, chamada de interpessoal, é útil para tratar o transtorno do estresse pós-traumático, problema que afeta pessoas que foram vítimas de choques emocionais intensos após vivenciar situações como acidentes, assaltos, sequestros ou guerras.

O estudo contou com 40 pacientes do Programa de Atendimento e Pesquisa em Violência (Prove), da universidade. A maior parte (57,5%) havia passado por assalto e/ou seqüestro relâmpago com violência e risco de vida. Alguns integrantes também haviam sido vítimas de abuso sexual, sequestro com cativeiro ou tinham presenciado a perda de algum familiar por homicídio.

Os pacientes relataram melhora de 50% em sintomas como depressão e ansiedade, e de 80% nas questões de qualidade de vida e ajustamento social. Os resultados foram medidos por meio de uma escala internacional, que classifica os sintomas com uma pontuação de 0 a 136. A média inicial do pacientes era de 72,3 (severo) e caiu para 36,5 (leve), com tendência de recuperação total após seis meses.

Os participantes do estudo já recebiam tratamento medicamentoso, mas ainda sofriam sintomas típicos do estresse pós-traumático, como reviver involuntariamente a situação que gerou o trauma. “Essas memórias intrusivas fazem com que a pessoa passe a evitar situações e pessoas, o que leva ao isolamento e perpetua o transtorno”, relata a psicóloga Rosaly Campanini, responsável pela pesquisa.

A psicoterapia interpessoal, desenvolvida por Gerald Klerman em 1984, é breve e focada nos relacionamentos do paciente. “O fato de ser em grupo também faz diferença, pois é uma forma de sair de si, enxergar o outro e reorganizar as relações”, diz a psicóloga. “Após a intervenção, eles retomaram o trabalho, a família, os amigos e as atividades de antes”, conta.

O método pode ser uma opção aos pacientes que não se adaptam à terapia cognitivo-comportamental, que envolve a exposição gradativa e monitorada às situações que geram medo. “Muitas pessoas sentem ansiedade excessiva com essa abordagem e acabam abandonando o tratamento, por isso é importante que haja uma alternativa”, explica.

*Faixa de Gaza*
Nem toda vítima de acontecimentos traumáticos desenvolve o transtorno. Segundo a psicóloga, pesquisas mostram que 17% das vítimas da violência em São Paulo experimentam o estresse pós-traumático, índice considerado alto. “A proporção é equivalente à registrada entre os moradores da Faixa de Gaza”, compara ela.

O programa da Unifesp já atendeu, desde 2004, 455 pacientes vítimas de eventos traumáticos, com uma média de idade de 39 anos. A maior parte é do sexo feminino (70%), casada, proveniente de todos os níveis socioeconômicos e faixas de escolaridade. Entre as vítimas, 15% se encontram em licença médica ou estão inativos e 10%, desempregados. E 67% dos pacientes procuram atendimento quando o quadro já está cronificado, o que dificulta a adesão e a resposta ao tratamento.

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