Celebrado em 11 de novembro, o Dia Municipal contra a Medicalização da Vida, marcou a realização de diversas atividades, como mesas redondas e debates. No domingo, 10 de novembro, o Parque da Previdência, zona leste da capital paulista, recebeu eventos lúdicos, culturais e esportivos, destinados às crianças e também aos adultos.
O objetivo foi divulgar a importância desse dia e alertar a população sobre o risco dos processos medicalizantes, que transformam comportamentos e atitudes em sintomas. A medicalização da sociedade trata questões sociais e culturais, como as dificuldades de aprendizagem, como doenças individuais. Isso tudo foi mostrado de forma lúdica, para que seja possível se pensar a potência das relações humanas e a própria vida na construção da saúde.
No dia seguinte, a Sessão Solene da Câmara Municipal prestou uma homenagem ao trabalho do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade, da qual o CRP SP faz parte, na figura das psicólogas Carla Biancha Angelucci e Marilene Proença, que já foram presidentes do Conselho.
Para Carla Biancha Angelucci a homenagem se deu porque a instituição que ela representava naquele momento, o CRP SP, desempenhou um papel fundamental nesta luta, pois contribuiu na constituição de um grupo multiprofissional para discutir a função social da Psicologia e de outras áreas do conhecimento na produção das desigualdades relativas à infância. Ao fomentar reuniões e discutir os interesses presentes na indústria da conversão de diferenças humanas em doenças, o CRP SP criou condições para que estas ações ocorressem de maneira sistemática.
“Ao monitorar o Poder Legislativo, a fim de que não fossem aprovados projetos de lei de cunho medicalizante, como foi o projeto que pretendia tornar obrigatória a avaliação diagnóstica para dislexia no interior das escolas, de maneira compulsória e desarticulada da política de Saúde, o CRP SP postou-se em defesa do SUS e de uma educação que não seja refém da profusão de diagnósticos que culpabilizam estudantes e docentes pelo fracasso escolar”, afirmou.
Sobre o Fórum
O Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade celebra em 2013, três anos de existência. Uma de suas principais conquistas foi justamente a Lei nº 15.554 de 2012, que instituiu o Dia Municipal de Luta contra a Medicalização da Vida em São Paulo.
Dessa maneira o Fórum, como movimento social, cumpre seus objetivos de dialogar com diferentes segmentos da população e instâncias de poder, a fim de informar sobre os efeitos de processos diagnósticos e de tratamento mal formulados, pautados na normatização de condutas e modos de existir. Além disso, o Fórum cada vez mais evidencia práticas que substituam os modelos medicalizantes, auxiliando na divulgação de experiências de promoção de saúde e de projetos de escolarização que reconheçam e acolham as diferenças humanas.