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Após morte de servidor da Fundação Casa de Marília, sindicato fará ato na sexta (7)

Sindicato da categoria presta assistência aos trabalhadores, feitos reféns, e mobiliza ato contra falta de segurança no local

Amanhça (7), servidores públicos ligados ao Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e à Família do Estado de São Paulo (Sitraemfa) organizam ato em protesto contra a morte do agente socioeducativo da Fundação Casa que aconteceu na terça-feira (4). 

O ato ocorrerá na rua Florêncio de Abreu 848, no bairro da Luz, zona sul da capital paulista, às 10h. 

Presidente do Sitraemfa, Aldo Damião Antonio, cobra respostas do governo de Geraldo Alckmin (PSDB). “Nos revoltamos contra o governo estadual por causa da falta de funcionários para fazermos a segurança no local de trabalho. As unidades normalmente são superlotadas e o governo não investe em estrutura para separar os adolescentes em conflito com a lei por grau de complexidade do crime cometido. Os adolescentes primários, por exemplo, são colocados no mesmo local para onde são levados os reincidentes. Exigimos que este cenário mude”, afirma. 

Entenda o caso

Um agente socioeducativo da Fundação Casa foi morto na noite de terça-feira (4) durante rebelião na unidade de Marília, no interior de São Paulo. O funcionário foi identificado como Francisco Calixto, o Chiquinho, de 51 anos, que coincidentemente fazia aniversário na mesma data.

A direção do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança ao Adolescente e à Família do Estado de São Paulo (Sitsesp/Sitraemfa) está acompanhando o caso de perto, dando assistência aos demais funcionários, além de programarem um ato público contra a falta de segurança no local de trabalho.

Os adolescentes iniciaram uma rebelião por volta das 21 horas de terça que culminou na morte de Chiquinho, que foi dominado por quatro internos e teve o pescoço transfixado por um cabo de vassoura. A Polícia informou que 18 jovens infratores, entre eles os responsáveis pelo crime, fugiram da unidade.

Na fuga, cinco funcionários e outras três pessoas, membros de uma igreja parceira da instituição, foram feitos reféns. Dois agentes foram feridos e levados para a Santa Casa da cidade.

Durante toda a noite, um dos diretores do sindicato, Eguinaldo Oliveira, esteve na instituição de Marília para dar assistência aos trabalhadores e foi ao hospital onde os funcionários feridos foram atendidos.

Para o sindicato, a morte é também o resultado do quadro reduzido de funcionários, falta de segurança e políticas públicas, entre “tantos outros descalabros que existem dentro da Fundação Casa”.

Em nota, a Fundação Casa lamentou a morte do trabalhador e disse que uma sindicância será instalada para apurar as circunstâncias da morte, além da investigação feita pela Polícia Civil. No comunicado informa também que a Polícia Militar foi acionada para fazer as buscas dos jovens que fugiram.

O velório do funcionário será realizado no Cemitério da Saudade em Marília, na Avenida da Saudade, e o enterro está programado para quinta (6) às 8h30.

SinPsi em luto

Para Maria Helena Machado, dirigente SinPsi e psicóloga da Fundação Casa, a morte de Chiquinho, trabalhador concursado, foi uma tragédia anunciada, com superlotação da unidade, tendo mais de 100 adolescentes em medida socioeducativa de internação.

“A autorização judicial é de elasticidade de 15% nos centros, mas a realidade é que muitas unidades extrapolam esse percentual. A fiscalização é ineficiente. O governo do estado recentemente fechou vários centros de semiliberdade, sem justificativa para a sociedade. É um governo que penaliza, investe na internação em detrimento das políticas públicas de meio aberto”, afirma a psicóloga, referindo-se à liberdade assistida, semiliberdade e prestação de serviços à comunidade.

O SinPsi reafirma que a Fundação Casa e o governo do estado não têm uma escuta para com os trabalhadores da área da segurança e promovem estratégias com o desconhecimento do funcionamento da instituição.

“Colocam toda a equipe em risco, até que morre um, como aconteceu com nosso colega. Nós, psicólog@s, e @s assistentes sociais observam e lamentam que a Fundação Casa esteja misturando os adolescentes. Misturam os de grau de infração primário com reincidentes, misturam os de 13 com os de 20 anos de idade. Isso causa muitas vítimas, além de ir contra as premissas do Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA”, explica Maria Helena.

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