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Ato da Frente Antimanicomial de SP marcou o 18 de maio na Av. Paulista

No Dia Nacional da Luta Antimanicomial, 18 de maio, mais de 3 mil pessoas, entre usuários, familiares e profissionais de saúde mental da capital e do interior do estado, foram à Av. Paulista bradar pelo fim dos manicômios e aproveitar para dizer não à reforma trabalhista e gritar com toda força “Fora, Temer”. 

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Seguindo a tradição dos anos anteriores, o ato, realizado pela Frente Antimanicomial de São Paulo, levou às ruas muita cor, música e encenação. Resultado do trabalho de diversos grupos de teatro, batucadas e artistas iniciados nas oficinas dos CAPS, residências terapêuticas, unidades básicas de saúde, centros de convivência e centros de acolhida (UAA, UAI, CAPS AD).

As apresentações também foram pautadas pelos 30 anos da carta de Bauru, redigida no Congresso de Trabalhadores de Saúde Mental, ocasião em que também surgiu o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial – ação social que tem como princípio o fechamento dos manicômios do País, a promoção de tratamento digno e territorial para todas as pessoas com experiência de sofrimento psíquico e de uma cultura de respeito às diversidades.

O SinPsi não só prestigiou como também deu apoio à Frente Antimanicomial na realização evento, que tem como premissa lembrar que a Luta Antimanicomial é uma das mais vibrantes no que tange a reintegração social de indivíduos e resgate da cidadania.

 

“Essa é uma luta que propõe trocar a prisão dos manicômios por uma rede de serviços humanizados para o tratamento de saúde mental. Já está comprovado que uma estrutura que encarcera e exclui pessoas não funciona, só causa sofrimento e desumaniza. A reforma psiquiátrica é construída no dia a dia por nós, psicólogos e psicólogas”, disse Fernanda Magano, presidenta do SinPsi.

Ed Otsuka, psicólogo da Frente Antimanicomial, falou sobre a política higienista da atual prefeitura de São Paulo:

“O que está ocorrendo é uma política proibicionista, que nega o tratamento e traz uma questão moral de que as pessoas em sofrimento psíquico decorrente do uso de álcool e outras drogas têm uma questão de falha de caráter. O interesse da atual gestão não é trata-las, mas isolá-las, excluí-las e afastá-las do convívio social”, avaliou.

Clarisse Paulon, conselheira vice-presidente Conselho Regional de Psicologia (CRP-SP), analisou a importância do sistema conselhos participar da luta por uma sociedade extramuros.

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“Queremos ter a possibilidade de cuidado em saúde de fato efetiva e inclusiva. Que a redução de danos continue presente. Que consigamos fazer dentro do conselho e fora dele uma saúde mental mais humana e mais respeitosa”, pontuou.

Inclusão

Mas ali, no vão livre do Masp, não faltou espaço de fala para usuários. Com um palco montado e um telão passando imagens de outros atos da Frente Antimanicomial e mesmo o último filme da série Nau dos Insensatos, que trata do programa De Braços Abertos, os usuários cantaram, recitaram poesia e encenaram esquete teatral.

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“Vim aqui defender o CAPs de Itu, que é a minha segunda família. Na ficção sou jornalista e vim cobrir essa matéria. Inclusão na sociedade! Não aos hospitais! Somos mais e capazes. Itu, minha família”, declarou a usuária Bendita de Fátima da Costa.

“Também sou de Itu. Faço tratamento há sete anos e quero agradecer a oportunidade de falar a todos vocês”, falou Claudemir, colega de tratamento de Bendita.

Após concentração no vão livre do Masp, o ato seguiu em marcha até a frente da Secretaria Estadual de Saúde.

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Participando da caminhada debaixo de chuva, Janaína Aparecida, aluna de Serviço Social e trabalhadora há um ano na residência terapêutica masculina do Itaim Paulista, falou ao SinPsi de sua experiência.

“É um desafio para mim o trabalho com saúde mental. É resgatar a autonomia e a autoconfiança das pessoas que foram maltratadas. Me sinto transformada como pessoa e profissional. Tenho um sobrinho especial e luto pelo direito dele e dos nossos usuários. Sabemos que ainda há muito preconceito e falta de informação, por isso estar aqui, hoje, é tão necessário”, contou.

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Bateria universitária

Pela primeira vez num ato do 18 de maio estava a bateria de estudantes de Psicologia da PUC-SP, com cerca de 25 ritmistas. Pedro Miotto, à frente da bateria, explicou sobre a emoção da estreia. 

“É uma imensa felicidade estarmos aqui hoje, é histórico. O grupo cresceu muito nos últimos anos. Hoje temos 67 membros, todos alunos de Psicologia, então consideramos importante ocupar os espaços da profissão e levar alunos conosco. Costumamos nos apresentar na rua e em festas, mas já participamos de atividades de oficina de percussão no CAPs Itapeva, por exemplo”, destacou o estudante, dizendo que a formação acadêmica da PUC tem vasto currículo no campo da reforma psiquiátrica.

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