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Caravana pelo fim da violência contra as mulheres é exemplo de luta pela igualdade, diz ministra Eleonora Menicucci

A jornada de Luta por Igualdade e Autonomia promovida pela CUT São Paulo, por meio da Secretaria da Mulher Trabalhadora, encerrou nesta sexta-feira (6) a Caravana pelo Fim da Violência Contra as Mulheres que percorreu o Estado de São Paulo durante 30 dias.

Nesta ação, dirigentes cutistas visitaram, entre os meses de novembro e dezembro, as cidades e regiões de Presidente Prudente, Bauru, São Carlos, Sorocaba, Vale do Ribeira, Baixada Santista, ABC, Mogi das Cruzes, Guarulhos, Jundiaí e Osasco.

O ato de encerramento realizado no Sindicato dos Químicos de São Paulo, na capital paulista, iniciou com um minuto de silêncio em homenagem à memória do ex-líder sul-africano Nelson Mandela, lutador do povo, prêmio Nobel da Paz de 1993, que morreu na última quinta (5), aos 95 anos. Logo depois, a secretária de Formação da CUT/SP, Telma Aparecida Andrade Victor, cantou o Hino Nacional, como simbologia identitária de um povo que luta por um Brasil mais justo.

O momento cultural teve a participação da presidenta do Sindicato do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep), Irene Batista; e das dirigentesDeise Capelozza, da Federação dos Urbanitários e Inez Galardinovic, do Sindicato dos Bancários do ABC.

Na ocasião, o presidente da CUT São Paulo, Adi dos Santos Lima, lembrou do propósito de Mandela na África do Sul pelo resgate da dignidade humana e afirmou que “a caravana desperta na sociedade a defesa pela igualdade”.

A atividade contou também com a participação especial da ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR), Eleonora Menicucci, e da secretária municipal de Políticas para as Mulheres de São Paulo, Denise Motta Dau, que ouviram atentas ao relato das viagens feitas por dirigentes da CUT/SP.

Trabalho de base

Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/SP, Sonia Auxiliadora relatou que mesmo com os avanços da Lei Maria da Penha – Lei 11.340/06 -, a violência praticada contra as mulheres é alarmante. “Vimos na prática a falta de investimentos nas políticas públicas de enfrentamento à violência doméstica, por parte do Governo do Estado de São Paulo, como as que promovem autonomia financeira. Pudemos também observar a violência que  atinge as mulheres no mercado de trabalho ”, afirmou.

De acordo com a secretária da Mulher Trabalhadora a CUT Nacional, Rosana Silva, a caravana abordou assuntos fundamentais para a luta de uma sociedade igualitária. “O debate alcançou a questão da política econômica e social, como o direito à creche, indo além da violência física. Sabemos que as mulheres pobres são as mais afetadas, tanto as que moram nas periferias das cidades como as que moram nas áreas rurais”.

Segundo a secretária de Imprensa da CUT/SP, Adriana Magalhães, a imagem da mulher na mídia também foi um dos assuntos abordados nas cidades visitadas. “Explicávamos às pessoas que participaram das atividades a importância do projeto do novo marco regulatório dos meios de comunicação do País, pois ele proíbe o monopólio da mídia que não dá voz às mulheres, em específico, e aos lutadores e lutadoras do povo”.

Entre as principais reivindicações encontradas nas cidades percorridas estão a falta de creches, casas-abrigo, serviços públicos de qualidade, servidores formados para atender mulheres em situação de violência e a criação de rede integrada de proteção à mulher.

Luta por igualdade

Eleonora Menicucci ressaltou a luta por uma democracia não apenas representativa, mas participativa e com atuação política e formativa. “As dirigentes foram onde as mulheres estão, vivem e moram. Esse trabalho por si só justifica a sua importância. Acredito que essas denúncias devem servir para subsidiar políticas públicas no Estado que atendam de fato às necessidades das mulheres”, afirmou.

Segundo a ministra, a caravana da CUT/SP é um exemplo de luta pela igualdade. “Pela minha vivência e  contribuição, no passado, às políticas de gênero e às políticas feministas da CUT, percebo como as mulheres cutistas caminharam, cresceram e ocuparam espaços importantes de poder”, destacou.

Ao falar sobre a luta por direitos iguais, a ministra citou a sub-representação das mulheres no parlamento e afirmou que a reforma política foi a medida apresentada pela presidenta Dilma Rousseff neste ano, após as mobilizações de junho no Brasil.

Sobre a Constituinte Exclusiva e Soberana por um novo sistema político, luta estabelecida pela CUT e por movimentos sociais para o próximo período, Eleonora afirma que se devem estabelecer com clareza os eixos de atuação. “É preciso focar em uma reforma política, eleitoral e fiscal, com maior representação e participação das mulheres nas listas e maior espaço de tempo na televisão para as mulheres e outros grupos que são invisibilizados”, pontuou.

Reconhecimento da luta

De acordo com a escritora e psicóloga Rachel Moreno, do Observatório da Mulher, a violência assume várias facetas e precisa, portanto, de diferentes políticas públicas. “Essa luta começou há mais de 30 anos e me sinto satisfeita com as conquistas alcançadas e por ver que a CUT tem feito ações nesse sentido. Existem violências que precisam ser observadas, como o fato de as mulheres ganharem 30% a menos do que os homens, mesmo trabalhando na mesma função”.

Rachel afirma que é preciso desnaturalizar a violência de gênero. “Homens violentos viveram em famílias violentas e não tiveram espaço para discutir. Acharam que aquilo era normal e, por isso, tendem a reproduzir quando adultos o que vivenciaram como natural quando eram crianças.  Enquanto a gente não abrir espaço para discutir a questão, não vamos conseguir mudar tanto quanto gostaríamos”.

Segundo a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Senado, a violência sexual cresceu 23% no Estado de São Paulo de 2011 a 2012. A coordenadora da Marcha Mundial de Mulheres, Sonia Coelho, diz que a CUT tem feito um trabalho importante. “O Governo de São Paulo não promove políticas públicas para as mulheres, seja na habitação, no trabalho ou na saúde. E reivindicamos isso, pois a ausência do Poder Público nessas áreas dificulta que a mulher em situação de violência rompa com esse ciclo”.

Para Rachel, os meios de comunicação também precisam repensar a forma como atuam. “Devem atuar de forma educativa e preventiva, combatendo a violência em todas as suas formas, inclusive a simbólica, que reforça preconceitos e estereótipos”, pontua.

A secretária municipal de Política para as Mulheres, Denise Motta Dau, também reconheceu a iniciativa do movimento sindical. “A CUT cumpre a missão de levar a cidades distantes temas como o da violência doméstica, envolvendo no debate homens e mulheres. Esse trabalho foi importante, pois permitiu a construção de debates regionais”, ressalta.

Município de São Paulo

No mesmo dia, pouco antes do encerramento da Caravana da CUT/SP, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres da Prefeitura de São Paulo, realizou o ato “São Paulo Não Tolera Violência Contra a Mulher”, como atividade que engloba a Campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

Na ocasião, foi anunciada a criação da Casa de Passagem na capital paulista que a partir de 2014 abrigará, por até 15 dias, mulheres em situação de violência, que poderão permanecer com seus filhos (as), no período em que recebem apoio de uma equipe multidisciplinar da Prefeitura.

O município assinou também o compromisso de treinar a Guarda Civil Metropolitana (GCM) para atender ocorrências relacionadas a situações de violência contra a mulher.

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