Foi a partir do tema “Recursos Humanos para a Saúde: fundação para a cobertura universal de saúde e agenda de desenvolvimento pós-2015” que delegações de quase 90 países, além de ministros de Estado e autoridades de mais de 30 nacionalidades, discutiram os rumos e os desafios apontados pela saúde pública. Recife (PE) foi a cidade anfitriã do III Fórum Global de Recursos Humanos realizado durante o período de 10 a 14 de novembro. O encontro foi organizado pelo Ministério da Saúde e pela OPAS – Organização Pan-Americana de Saúde.
A CNTSS/CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social) participou do Fórum e pôde contribuir com as discussões realizadas em diversas mesas redondas, apresentando a realidade dos trabalhadores da saúde, um dos Ramos que compõe sua base. Pela Confederação compareceram o secretário de Relações Internacionais e a secretária de Mulheres, respectivamente, Arlindo Lourenço e Maria Aparecida Faria. Para eles, o Fórum foi um momento privilegiado para troca de experiências entre as várias realidades de políticas públicas de saúde.
Entre os debates realizados nestes cinco dias, a questão da falta de trabalhadores e trabalhadoras da área de saúde para suprir e alcançar o atendimento universal desejado foi um dos grandes destaques. Para Arlindo Lourenço, o Fórum Global, que reuniu profissionais de saúde e autoridades dos cinco Continentes, demonstrou a preocupação de todos os presentes com a mesma situação: como atender de forma universal e gratuita as populações de seus países, especialmente as mais vulnerabilizadas.
“A discussão maior foi pensar a questão de recursos humanos na saúde. A preocupação está no fato de que ao criar e propor programas e políticas universais em saúde como fazer para ter quadro de profissionais treinados e motivados para atender as ações exigidas.É preciso encontrar soluções para que tenhamos profissionais capacidades e presentes nos locais que mais se precisa dos serviços de saúde. Sobre este ponto foram discutidas experiências em relação à forma como regulam, como preveem os trabalhos da saúde, como recrutam profissionais e como se organizam estes locais de trabalho,” destaca Lourenço.
Para a secretária de mulheres da Confederação, foi observado que o problema da ausência de profissionais em saúde é comum em muitos países. “Foram muitas as experiências detalhadas sobre este tema. O Brasil teve destaque com o Programa Mais Médicos, considerado como uma política importante. A iniciativa, que vai além da contratação de profissionais, mas garante recursos para infraestrutura, foi avaliada como bastante positiva. Esta ausência crônica de profissionais em áreas mais remotas que vivemos aqui também é sentida em outros países,” afirma Maria Faria.
Outro ponto da política brasileira que recebeu considerações positivas foi sobre o SUS – Sistema Único de Saúde. Para muitos países a nossa experiência é um exemplo muito importante por sua dimensão, abrangência e qualidade. De acordo com Lourenço, “o SUS é reconhecido como um dos grandes sistemas de saúde com características universais do planeta”.
As duas edições anteriores do Fórum Global foram realizadas em Kampala, em Uganda, em 2008, e em Bangkok, na Tailândia, em 2011. O encontro de Recife também serviu para fazer uma avaliação do alcance das metas propostas nos anteriores, que focaram sobre os obstáculos para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), especificamente redução da mortalidade infantil e melhorar a saúde materna, assim como controlar os avanços do Vírus HIV, malária e outras doenças.