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Cobertura da mídia sobre atos deste domingo reforça medo do ‘Lula livre’

ReproduçãoMilhares de pessoas tomaram ruas do Brasil e do mundo para marcar um ano da prisão política do ex-presidente. Mas a mídia tradicional pareceu restrita em fazer oposição sem contextos

De um lado, dezenas de atos por justiça e liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reunindo milhares de pessoas em várias capitais, no Brasil e no mundo, desde a última sexta-feira (5). De outro, reuniões de pequenos grupos, alguns não chegando à casa da centena, apoiando a Operação Lava Jato, ou pedindo o impeachment geral do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar do tamanho contraste – em volume e causa –, a boa parte da cobertura da imprensa tradicional procurou passar uma imagem de que as dimensões dos grupos opostos e suas manifestações se equivaliam. 

Sobretudo nos atos realizados neste domingo (7), quando se completou um ano da prisão política do ex-presidente Lula. Um lado clamando por justiça, legalidade e respeito à Constituição, outro clamando pelo acirramento do “tapetão” institucional que aprofunda a crise brasileira e faz o país passar vexame no cenário mundial.

Na análise do próprio Lula, preso há um ano na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, ao procurar por extremos, ou mesmo comparar manifestações concentradas com a diversidade de atos organizados em prol do ex-presidente, os veículos hegemônicos parecem confirmar ter medo do Lula Livre, como descreveu o ex-presidente em artigo publicado neste domingo.

Com a tentativa da imprensa comercial de diminuir o impacto da Jornada Internacional Lula Livre, coube à mídia independente retratar essas manifestações em dezenas de cidades, incluindo 16 do exterior e 17 capitais brasileiras.

Confira algumas reportagens da RBA sobre a movimentação que vem ocorrendo desde a semana passada, e na sequência um giro pelos atos do domingo país com informações do jornal Brasil de Fato.

São Paulo

A capital paulista reuniu, a partir das 14h, mais de 10 mil pessoas em ato convocado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Em outro ponto da Avenida Paulista, uma pequena manifestação em apoio à Lava Jato acontecia, que terminou com uma militante pró-Lula agredida por manifestantes conservadores. A militante foi cercada por três homens bolsonaristas e chegou a levar uma “gravata” de um deles, enquanto era ofendida.

Mesmo após uma hora e meia do final do ato, os manifestantes pró-Lula seguiam concentrados na Praça dos Ciclistas, cantando e entoando gritos que pediam a liberdade de Lula. Somente às 18h20 a Avenida Paulista foi liberada e o ato dispersado.

Recife

Em Recife, o ato foi na Praça do Arsenal, centro histórico da cidade pernambucana. Artistas e blocos carnavalescos participaram do ato, como o tradicional Bloco Eu Acho é Pouco, o Bloco Sem Terra e muitos maracatus e afoxés. Mais de 10 mil pessoas se uniram para cantar e gritar por Lula Livre.

Ao todo, foram cerca de 10 blocos de carnaval, fizeram o “Blocão da Democracia”. Diversos artistas locais, como Flaira Ferro, fizeram da noite um espaço cheio de irreverência e com muito frevo. Um samba pela democracia trouxe diversos sambistas ao palco. Poetas também marcaram presença, assim como Fred 04, do Mundo Livre S.A.

Rio de Janeiro

Cerca de 2 mil pessoas estiveram reunidas na Praia de Copacabana, na altura do Posto 3, na zona sul, para participar do Festival Democracia e Justiça, principal manifestação organizada pelos cariocas para pedir pela liberdade do ex-presidente Lula.

O festival começou por volta das 15h, com um debate sobre os impactos da “reforma” da Previdência para os trabalhadores. Em seguida, falas políticas e apresentações culturais tiveram início no trio elétrico. Entre o público, diversas pessoas vestiam camisetas vermelhas e carregavam cartazes que pediam por sua liberdade e dançavam ao ritmo de samba.

Belo Horizonte

Na capital mineira, as mobilizações começaram por volta das 9h na Praça Afonso Arinos, no centro. Pessoas de todas as idades, entre crianças, jovens e idosos, portavam cartazes com mensagens de apoio e força ao petista, além de se posicionarem contra o governo Bolsonaro e pelo fim de pautas que representam retrocessos para os trabalhadores, como a “reforma” da Previdência.

O momento principal do ato, que foi organizado pelo Coletivo Alvorada, foi a apresentação do Coral Mil Vozes, que pediu por “Lula Livre” e entoou a canção “Anunciação”, de Alceu Valença. O protesto teve, ainda, faixas bordadas pelas mulheres do grupo Linhas do Horizonte.

Curitiba

As atividades começaram por volta das 8h com uma marcha que saiu do Terminal Boa Vista e prosseguiu até a vigília Lula Livre, no Bairro Santa Cândida, em frente à Superintendência da Polícia Federal, onde Lula é mantido preso desde 7 de abril do ano passado.

O ato contou com a presença de parlamentares do PT, Psol, PCdoB, dirigentes de movimentos populares e entidades sindicais, além de artistas, como as atrizes Lucélia Santos e Guta Stresser e o ator Gregório Duvivier. Segundo estimativa dos manifestantes, cerca de 10 mil pessoas participaram das manifestações.

Caetés (PE)

Mais de 500 pessoas participam do ato Vigília Lula Livre na cidade de Caetés, no agreste pernambucano. A atividade começou com a chegada de uma carreata vindo da cidade vizinha, Garanhuns, com mais de 30 carros desfilando entres as cidades com músicas, bandeiras e gritos pela liberdade do ex-presidente Lula, que nasceu na região.

Apoiadores do petista se reuniram em frente à Escola Severino Girino, na entrada de Caetés. Começaram com um café da manhã como forma de lembrar que Lula foi o responsável pela retirada do país do mapa de fome. “Que esse café da manhã nos lembre e nos dê energia para lutar por quem nos deu comida, literalmente. Que a gente lembre do tempo que tínhamos comida na mesa dos brasileiros. Agora estamos vendo a volta da fome não só aqui”, ressalta Vado Pontes, morador de Garanhuns.

Pelo mundo

Diversas capitais da Europa também contaram com manifestações em favor da liberdade do ex-presidente Lula. Na França, os manifestantes se reuniram na Esplanada do Trocadéro, em Paris. O ato contou com a participação de Jean-luc Mélenchon, líder do partido de esquerda França Insubmissa, e com a filósofa Marcia Tiburi, que decidiu deixar o Brasil no em março deste ano após receber uma série de ameaças.

Em Londres, os manifestantes percorreram pontos da cidade com um ônibus levando cartazes escritos “Lula Livre”. O ato contou com a presença da ex-ministra do Desenvolvimento Tereza Campello.

Em Viena, um ato foi realizado na Praça de Santo Estevão, no centro da cidade. Durante a manifestação, também foi lembrado o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco.

Na Alemanha,  manifestantes se concentraram na praça Hermannplatz, onde estenderam faixas pedindo a liberdade de Lula. Um levantamento feito pelos participantes relatou 100 pessoas participaram do ato.

Em Portugal, os protestos ocorreram na capital, Lisboa, onde artistas se apresentaram e discursaram em favor da soltura de Lula. Na Espanha, os manifestantes se reuniram no Parque de la Ciudadela, em Barcelona. Os participantes caminharam pela cidade denunciando o caráter político da prisão do ex-presidente.

Segundo informações do site Opera Mundi, atos também foram organizados em Madri, Bruxelas, Bonn, Coimbra, Amsterdã, Bolonha, Copenhague, Munique, Frankfurt, Hamburgo, Colônia, Manchester, Tübingen e Aarhus (Dinamarca). Houve ainda atividades fora da Europa, nas cidades de Montevidéu, Nova York, Los Angeles, Boston, Cidade do México, Sydney, Melbourne e Saint-Louis.

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