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CUT/SP representa contra promotor que atacou direitos da mulher

Corregedoria deve apurar declarações de Jorge Marum nas redes sociais

Representantes cutistas protocolaram nesta quarta-feira (25), Dia Internacional da Não-Violência contra a Mulher, representação no Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) contra o promotor de Justiça e professor de Sorocaba (SP), Jorge Alberto Marum.

Há exatamente um mês, o procurador postou nas redes sociais comentários machistas relacionados a uma questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sobre violência contra mulher.

Em uma das postagens no Facebook, o professor da Faculdade de Direito de Sorocaba, referência na avaliação do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), publicou o seguinte: “Se mulher não nasce mulher, tem sentido combater a violência contra a mulher? Agora fiquei confuso”, ironizou o promotor, em referência à frase da filósofa francesa Simone de Beauvoir “não se nasce mulher, torna-se mulher”.

Segundo a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT São Paulo, Ana Lúcia Firmino, a Central entra com este procedimento para que a corregedoria do MP investigue a conduta do promotor. “Responsabilizar um representante do poder público é também uma forma de lutar contra a violência que muitas vezes se dá em tom de ironia, mas é considerada ‘menor’ por quem pratica”, afirma.

Depois da prova do Enem, o promotor postou ainda na internet que “mulher nasce uma baranga francesa que não toma banho, não usa sutiã e não se depila” e que “só depois é pervertida pelo capitalismo opressor e se torna mulher”. O promotor não reconheceu ter sido ofensivo.

Além da apuração, a CUT São Paulo cobra também que o promotor não atue em qualquer promotoria relacionada a questões de Cidadania e Direitos Humanos. 

A secretária de Imprensa da CUT/SP, Adriana Magalhães, ressaltou a importância de medidas como esta. “Não apenas nós cutistas estamos cobrando uma resposta, como representantes do Ministério Público e da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil (OAB] já se posicionaram”, lembra.

No dia 29 de outubro a OAB divulgou nota de repúdio contra o promotor. A Comissão da Mulher Advogada afirmou que os pronunciamentos de Marum desrespeitaram “a dignidade das mulheres”.

Também em nota assinada pela Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), pelo Núcleo de Gênero e pelo Grupo de Atuação Especial de Enfrentamento à Violência Doméstica (GEVID), representantes do poder público disseram que as ideias de Marum não correspondem aos ideais do MP.

A secretária de Comunicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria Têxtil, Couro e Calçado (CNTV-CUT), Márcia Viana, afirma ser inaceitável o comportamento do promotor. “O combate à violência se dá com o empoderamento das mulheres. Fizemos inúmeros protestos contra o desrespeito de Morum e ele continua sendo sarcástico, em nenhum momento ele reconheceu o erro”.

Para a secretária de Finanças do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo (Seesp), Josefa Bezerra do Vale, a fala de Marum representa um machismo velado na sociedade. “Há um poder masculino que se impõe sobre todas as relações de gênero. A ofensa começa com palavras, vai para agressão e, no limite, a violência termina com a morte de mulheres”, conclui.

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