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Dirigente do Sindsep-SP e da CUT relata repressão em Honduras

De Tegucigalpa, capital de Honduras, o secretário geral do Sindsep e secretário de Políticas Sociais da CUT-SP, João Batista Gomes, informou por telefone na tarde do dia 30 de julho sobre a violenta repressão que se abateu contra uma marcha com mais de 2 mil pessoas que, no período da manhã, havia bloqueado a rodovia principal de entrada na cidade.

Presente no país centro-americano para expressar a solidariedade da CUT às organizações sindicais e populares que lutam contra o governo ilegítimo fruto, do golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya (que segue na fronteira da Nicarágua com Honduras), João declarou ao Portal da CUT que “a Marcha começou por volta das 8h30 e a repressão se deu aproximadamente às 10h30. A Guarda Nacional (polícia) foi extremamente violenta. Dos helicópteros jogavam bombas de gás lacrimogêneo e davam tiros com balas de borracha”.

No momento da repressão, João participava de uma reunião com integrantes do governo Zelaya, que foi interrompida, pois a presença da frente de apoio e solidariedade foi solicitada pelos manifestantes.

Até a noite de 31 de julho falava-se em 88 feridos e 1 morto, mas João comentou que “primeiro soubemos que haviam dois mortos, mas depois a informação que tivemos é que estavam gravemente feridos, não dá para precisar, mas muitas pessoas se machucaram”.

A Marcha foi reforçada por uma paralisação dos servidores públicos e pelos professores que continuavam em greve. Hoje, 31, haveria nova reunião da Frente de Resistência se.

A repressão visou em particular companheiros sindicalistas que estão à cabeça do Bloco Popular, conjunto de organizações que se opõem aos golpistas. Assim, como informa Joãozinho, Juan Barahona, coordenador do Bloco Popular e presidente da Federação Unitária dos Trabalhadores de Honduras, está preso, e Carlos H. Reyes, secretário geral do sindicato dos trabalhadores da indústria de Bebidas e candidato às eleições presidenciais previstas para novembro, está hospitalizado para uma cirurgia no braço.

Leia abaixo entrevista com Carlos Reyes, realizada no dia 27, a dirigentes sindicais

*No domingo (26/07) houve um atentado na sede do sindicato, o que aconteceu?*
A reunião da Frente havia acabado há quinze minutos e nós já estávamos no enterro do jovem Pedro Muñoz, assassinado na fronteira. Não houve vítimas.

*Foi uma advertência? Quem compõe a Frente e quais são seus objetivos?*
A Frente de Resistência está composta pela quase totalidade das organizações populares do país, sobretudo pelas três confederações sindicais. Também estão as organizações camponesas, de estudantes, de mulheres, de indígenas, de direitos humanos e algumas igrejas. Também o Partido de Unificação Democrática (UD), um pequeno partido de esquerda, e o setor do Partido Liberal que apóia Zelaya. O objetivo da Frente é a volta da legalidade institucional, a restauração do Presidente Zelaya e a continuação do processo constituinte.

*O que decidiu a reunião da Frente no domingo, dia 26?*
Continuar o movimento de resistência. Novas greves nacionais na quinta-feira, dia 30 e sexta, dia 31. E continuar com os plantões e bloqueios de caminhões.

*Qual a sua posição frente ao Plano Arias?*
Nossa posição é clara, desde o princípio. Somos contra essa suposta mediação. Não podemos aceitar o reconhecimento do governo golpista. Há que chamá-lo de ditadura. Reafirmamos a exigência da volta incondicional da legalidade institucional e a continuidade do processo por uma Assembléia Constituinte. Também somos contra a posição duvidosa do governo dos EUA. Por um lado, Obama condena o golpe, mas de outro, o complexo industrial militar norteamericano o apóia. Ademais, está claro que a ditadura não está disposta a respeitar o Plano Arias.

*Qual a situação atual na fronteira?*
Milhares de pessoas estão à mercê do Exército e submetidas ao Estado de Sítio. Centenas estão presas e já aconteceu o primeiro assassinato. A situação é intolerável.

*Qual é a origem desta situação?*
A origem é a Constituição de 1982, que permitiu que os grandes empresários e as multinacionais ocupar o poder. Impulsionaram o livre comércio destruindo a produção do país e os empregos. São eles que estão por trás do golpe e os que se beneficiaram dele.

*O que vocês esperam do momento sindical internacional?*
Ampla solidariedade. Por intermédio de vocês, nos dirigimos a todas as organizações para que organizem a mais ampla campanha de solidariedade. Nosso sindicato já entrou em contato com a UITA (Internacional da Alimentação). Já conversamos com os “estivadores” para que bloqueiem os Portos. Que vocês se dirijam aos seus respectivos governos no sentido de defenderem o respeito à legalidade institucional, como já se pronunciaram as instituições internacionais.

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