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Doria barra trabalhadoras na inauguração da Casa da Mulher Brasileira

Polícia Militar (PM) faz cordão de isolamento do lado de fora; Casa que atenderá vítima de violência é entregue com quase três anos de atraso

Com a mesma postura fascista do presidente Jair Bolsonaro (PSL), a quem apoiou nas eleições, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), mandou a Polícia Militar (PM) barrar as mulheres durante a inauguração da Casa da Mulher Brasileira. Este programa é entregue com quase três anos de atraso.

Na manhã desta segunda-feira (11), mulheres de diferentes partidos políticos, movimentos populares e sindicalistas, sabendo da inauguração, foram até a Rua Viera Vasco, 26, no bairro do Cambuci, região central da capital paulista, onde a casa foi instalada, mas não imaginavam que seriam proibidas de entrar.

Um pequeno grupo conseguiu passar pelo portão, mas, quando o governo paulista percebeu a chegada de um grupo maior de mulheres, mandou a Polícia Militar fazer um cordão de isolamento na rua e barrar a entrada durante a inauguração deste instrumento que servirá, justamente, para o atendimento de mulheres vítimas de violência.

No local haviam algumas representantes do governo federal, como a ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, Damares Alves, e de uma maioria de homens engravatados, que foram coniventes com a postura do governo estadual.

Do lado de fora, as militantes, com faixas, bandeiras e cartazes, gritavam: “que decepção, não tem mulher na inauguração”. A deputada estadual, Leci Brandão (PCdoB), e a vereadora por São Paulo, Juliana Cardoso (PT-SP), acompanharam os movimentos durante os protestos e reivindicaram a participação das mulheres, mas o governo deu as costas. 

Para a secretária da Mulher Trabalhadora, Marcia Vianna, reeleita durante o 15º Congresso Estadual da CUT São Paulo (CECUT), este é mais um episódio de descaso do governo paulista.

“Esta casa só foi possível porque Dilma se empenhou quando era presidenta. Mas os governos atuais seguem na linha do desmonte dos direitos e do descaso total às mulheres vítimas de violência, haja visto que já se passaram quase três anos e só agora decidiram inaugurar a casa, após muita pressão dos movimentos de mulheres”, afirma.

A secretária geral do SinPsi Valdeluce Maia esteve na mobilização e reforçou a importância da conquista da Casa da Mulher Brasileira. “Com todos os entraves e dificuldades da luta, a união feminista deu o seu recado e mostrou a sua força. Não serão medidas truculentas como essa que vão parar o nosso desejo e um mundo melhor para todas as mulheres.” 

Sobre a Casa

A obra da Casa da Mulher Brasileira em São Paulo iniciou em 2015, foi finalizada em dezembro de 2016 e tinha a inauguração prometida para janeiro de 2017. Com 3.659 metros quadrados, ela é resultado do Programa “Mulher, Viver sem Violência”, lançado em 2013 pela Secretaria de Políticas para as Mulheres do governo federal.

A meta era que a Casa da Mulher Brasileira chegasse aos 26 estados brasileiros e ao Distrito Federal até o fim de 2018. Contudo, após o golpe aplicado no Brasil, o que era conquista se reverteu em retirada de direitos. E, até hoje, alguns estados sofrem dificuldades na inauguração deste serviço, a exemplo da cidade de São Paulo que demorou quase três anos para inaugurar a casa.

Sobre o funcionamento

A casa funcionará 24 horas por dia. E, segundo a Prefeitura de São Paulo, haverá no local Delegacia de Defesa da Mulher (DDM),  setores de atendimento do Ministério Público, da Defensoria Pública e do Tribunal de Justiça, além do destacamento do programa Guardiã Maria da Penha, da Guarda Civil Metropolitana, para proteger as vítimas, e alojamento para atender casos mais graves de violência, com acolhimento provisório.

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