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Doria e Alckmin fazem operação na nova Cracolândia, e dois são presos

Barracas foram retiradas da praça Princesa Isabel, e usuários voltaram a se dispersar pelo centro. “Não tem recuo”, diz prefeito

Uma operação policial realizada na manhã deste domingo 11 na praça Princesa Isabel, no centro de São Paulo, voltou a dispersar usuários de drogas em situação de rua pela região.  De acordo com o governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria, ambos do PSDB, o objetivo da ação é combater o narcotráfico, e dois suspeitos foram presos.

A Cracolândia começou a se formar na praça Princesa Isabel no dia 21 de maio, após uma operação policial destruir barracas fixadas na Alameda Dino Bueno, onde se concentrava o “fluxo” de usuários de drogas, a menos de 500 metros de distância da praça.

Em entrevista coletiva concedida neste domingo junto ao governador, Doria afirmou que não vai recuar em suas ações contra a Cracolândia. “Não tem recuo”, disse. “Não haverá retorno para a rua Helvétia. Não há a menor hipótese de a rua Helvétia e a [alameda] Dino Bueno voltarem a ter o status que já tiveram no passado. A hipótese é zero, não existe a menor possibilidade”, continuou. 

Jornalistas, então, informaram ao prefeito que uma nova concentração de usuários havia se formado neste domingo na esquina da rua Helvétia com a Alameda Barão de Piracicaba, na mesma região da antiga Cracolândia. Questionado, Doria disse que as autoridades não podem proibir a circulação dos cidadãos. “Não podemos impedir que as pessoas circulem pela cidade. O que nós não vamos é permitir a instalação de equipamentos financiados pelo PCC [facção criminosa Primeiro Comando da Capital].”

Projeto urbanístico

Estado e prefeitura querem incluir o quadrilátero onde antes se encontrava a Cracolândia na Parceria Público-Privada (PPP) da Habitação, programa de Alckmin para a “revitalização” do bairro da Luz.

Arquitetos e urbanistas, no entanto, afirmam que a PPP não atende às regras dessa área específica. Por ser uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis) categoria 3, 60% das moradias eventualmente construídas ali devem ser destinadas a famílias de baixa renda (até três salários mínimos), dando prioridade a quem já reside na área.

Dois dias após a primeira operação, a prefeitura iniciou um processo ilegal de demolição de imóveis, que foi suspenso por liminar da Justiça após deixar feridos. O Ministério Público também ingressou com uma ação para tentar barrar o projeto urbanístico do prefeito.

Ao contrário da rapidez com que se deram as demolições, as medidas de saúde e assistência social do programa Redenção, aposta de Doria para “acabar” com a Cracolândia, não estavam prontas após aquela primeira operação policial, que surpreendeu secretários do tucano e representantes do MP e outros órgãos que trabalhavam na elaboração do projeto.

Não havia, por exemplo, nem mesmo uma equipe destacada para efetuar o cadastro individual dos usuários para que recebessem acolhimento adequado, conforme havia sido prometido pela prefeitura. O resultado foi a dispersão do “fluxo” e sua posterior migração para a praça Princesa Isabel, onde nos últimos dias se concentravam até 900 pessoas.

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