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Entre celebração e protesto, Parada LGBTI de São Paulo reforça tom político

Participantes da maior manifestação mundial pelos direitos direitos da população LGBTI refletem sobre atual contexto político brasileiro

Com diversos trios elétricos, apresentações musicais e a expectativa dos organizadores em receber cerca de três milhões de pessoas, a 23ª Parada do Orgulho LGBTI de São Paulo não foi apenas marcada pela celebração e festividade.

Celebrando os 50 anos da Rebelião de Stonewall, nos EUA, a Parada de São Paulo viu em 2019 seu componente político, presente desde a primeira edição, ser reforçado diante da contexto político nacional, marcado pela eleição de Jair Bolsonaro, conhecido por suas posições e declarações homofóbicas. De outro lado, a população LGBTI celebrava a recente decisão do Supremo Tribunal Federal que equiparou condutas homofóbicas ao racismo.

“É uma pena que nossos motivos não sejam apenas a comemoração. No país que mata um homossexual a cada 24 horas, nós ainda elegemos um cara conivente com isso tudo. Infelizmente, ainda é necessário. Eu queria estar apenas comemorando, mas talvez eu tenha vindo com um pensamento mais político”, disse Thalita Peron, participando pela primeira vez da Parada da capital paulista.

O comunicador Frederico Franz ressaltou como a eleição do candidato de extrema-direita afeta o cotidiano da população LGBT. Antes mesmo do fim da disputa em 2018, ele decidiu formalizar sua união com seu companheiro diante do receio de ver o reconhecimento da união civil sofrer com retrocessos.

“Desde a chegada do Bolsonaro ao poder, e tem mais a ver com sua popularidade do que ganhar o governo… Eu sinto que quanto mais popular ele for, mais confortáveis as pessoas se sentem para serem homofóbicas. É um assunto que me atinge diretamente”, lamenta.

Além da oposição ao atual presidente, parte dos presentes na Parada também aproveitou a oportunidade para pedir a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cláudia Regina, presidenta da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, foi uma das primeiras a pautar a questão no carro de som que comandava o início do evento : “Nós temos um governo que está tirando as estruturas de atendimento [à população LGBT]. Acabando com educação e saúde. Não vamos voltar para o armário, para a senzala e apara a cozinha. Fora Bolsonaro e, por mim, Lula Livre!”, disse, com apoio dos presentes.

A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo se iniciou na Avenida Paulista por volta das 10h, e teve como ponto de encerramento o Vale do Anhangabaú.

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