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Festa das crianças resgata brincadeiras de rua e discute empoderamento

Entre as atrações, houve apresentação da Mc Soffia, de danças Guarani e carimbó; atividade foi realizada pela comunidade do Brás

Com apenas 8 anos de idade, Pedro Alex circulava pela Rua Caetano Pinto, na tarde deste sábado (15), com dúvidas sobre qual fila entrar, se na do pula-pula ou na que oferecia algodão doce. Veio acompanhado de muitos amigos para participar da Ciranda Democrática – Festa das Crianças no Brás, mas todos se dispersaram em meio à variedade de atrações.

Organizada pela CUT São Paulo, ao lado de sindicatos, igrejas, associações de bairro, comerciantes e moradores da região central da cidade, a festa no Brás oportunizou o fechamento de rua e o resgate de brincadeiras pouco comuns em tempos de tecnologia e aparelhos móveis, como amarelinha, pula corda e ciranda.

Entre as atividades, houve contação de histórias, canções de roda e pintura de rosto. Já no palco, com apresentação de Mc Pamelloza e discotecagem do dj Mr. Bigg, passaram a rapper Mc Soffia, com suas canções sobre empoderamento negro e feminino, dança dos indígenas Guarani Mbyá da aldeia Tenondé Porã, do bairro de Parelheiros, dança urbana e carimbó, ritmo tradicional do Norte brasileiro.

“Com a festa das crianças, fazemos a aproximação com a comunidade local, como já fizemos com o Arraiá da Democracia, pois assim ficamos mais presentes na vida do bairro, que é importante e histórico. É um vínculo não só como central sindical, mas uma relação com a comunidade e apoio social”, afirma o secretário Geral da CUT/SP, João Cayres.

“Foi uma oportunidade de todas as organizações do Brás se juntarem para fazer algo em comum. E é bonito porque as crianças podem ser o elo em que todas as organizações vão se entender e trabalhar juntas”, disse o padre Lorenzo Nacheli, da Igreja Madonna Di Casaluce.

A cantora Mc Soffia durante apresentação

A festa é organizada com o valor arrecadado da comemoração do Arraiá da Democracia, ação realizada pelos mesmos organizadores, em julho deste ano.

Márcia Sakurata vive no Brás há 25 anos e é integrante do Amigos da Praça, grupo que reúne moradores do bairro para fazer discutir os desafios da região, propondo ações, além de promover atividades lúdicas e esportivas. Para ela, a festa é uma forma de desconstruir a ideia de que o Brás é “feio e perigoso”. “Eu adoro esse lugar e acredito que sempre dá para melhorá-lo mais. Essa atividade faz a comunidade se integrar e, com isso, discutir o local que moram”.

Já Juselino Kuaray não mora no bairro, mas viu na festa uma maneira de trazer a reflexão sobre outras culturas da cidade. Morador de Parelheiros, na zona sul, ele é Guarani da comunidade Tenondé Porã. “Viemos mostrar uma dança que discute o fortalecimento da nossa cultura e a preservação do meio ambiente, pois estamos em uma luta, todo dia, de tentar conquistar o reconhecimento do nosso espaço”, falou o jovem.

Ao fim da reportagem, o pequeno Pedro voltou para contar que acabou entrando em todas as filas. “Gostei de tudo. E vou ir pintar o rosto”, disse. A dúvida, agora, era o desenho a ser escolhido. Mas teria toda uma tarde para decidir.

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