Espetáculo aborda as recordações e reflexões sociais de um condenado à morte
O grupo teatral Nóis não Usa Black Tie estreia nesta sexta (7/11), a partir das 20h, o espetáculo O último dia de um condenado, em temporada no Espaço Cultural Lélia Abramo. A peça ficará em cartaz nas sextas e sábados até o final de novembro, no mesmo horário. Os ingressos custam R$ 10,00 com desconto de 50% para bancários sindicalizados.
O último dia de um condenado é um romance do poeta, dramaturgo e ativista francês Victor Hugo (1802-1885), no qual expõe seus questionamentos a respeito da pena de morte, impactado pelas execuções recorrentes ocorridas na França no século XIX, em pleno período de restauração da monarquia depois da Era Napoleônica. Na vasta produção literária do autor, Os Miseráveis (1862) é uma das obras mais conhecidas.
O grupo Nóis não Usa Black Tie é formado por dirigentes e trabalhadores/as da base de sindicatos filiados à CUT, além de funcionários da Central. Neste espetáculo, o monólogo é interpretado por Sérgio dos Santos, com adaptação e direção de Mauro Schames.
Ao retratar os últimos dias da vida de um preso condenado à guilhotina, diz Schames, a obra destaca não só o problema da pena capital, mas também o fluxo de consciência da personagem que, encarcerada em si, reflete sobre sua própria importância na sociedade, permeada por lembranças da infância, recordações nostálgicas e outros questionamentos que surgem ao longo das seis semanas antes da morte.
“A personagem alterna questões sociais tanto relativas ao julgamento – já que ele comete um crime e, consequentemente, condena a sociedade a cometer outro também – como às relacionadas à função da religião neste processo e, ainda, às consequências futuras a sua filha, que será moralmente condenada pelo crime do pai”, explica Schames.
A narrativa envolve o público a tal ponto que, em dado momento, o espectador fica ao lado da personagem mesmo sem saber qual foi o crime cometido, completa o diretor. Por isso, no final do espetáculo, o grupo abre o debate para participação da plateia. “Será que não nos condenamos à morte quando somos obrigados a trabalhar, cuidar da família, ganhar salário para poder comer e voltar para casa para dormir e no outro dia acordar, enquanto passam 30 anos da sua vida?”, questiona Schames.
SERVIÇO
O último dia de um condenado, de Victor Hugo
De 7 a 29 de novembro
Sextas e sábados, às 20h
Espaço Cultural Lélia Abramo
Rua Carlos Sampaio 305 – Bela Vista – São Paulo/SP
Direção e adaptação: Mauro Schames
Elenco: Sérgio dos Santos – Grupo Teatral Nóis não Usa Black Tie
Ingresso: R$ 10,00 (inteira); R$ 5,00 (meia entrada)