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Homenagem a Fabio Belloni é marcada por flores e lágrimas

Era 26 de agosto, sexta-feira, véspera do Dia d@ Psicólog@. O trânsito na cidade dava nó, como de praxe. Mas nada impediu que muitas psicólogas, psicólogos, familiares e estudantes se reunissem em um auditório do campus Marte da Universidade Anhanguera (Unian), para uma tarefa nada fácil: prestar homenagem póstuma a Fabio Belloni, psicólogo, professor e militante da luta antimanicomial.

A homenagem fez parte da Semana da Psicologia da Unian, com a temática “Pense fora da casinha”. E isso, segundo depoimentos dos presentes, o psicólogo sabia fazer muito bem. Não à toa, foi elogiado pela pessoa, pelo mestre e pelo profissional que foi.

A conselheira presidenta do Conselho Regional de Psicologia (CRP/SP), Elisa Zaneratto, abriu a cerimônia, falando sobre a personalidade forte do amigo.

“Impossível não lembrar dele dizendo ‘amor, eu não vim no mudo a passeio’. A luta antimanicomial representa a forma que ganhou a luta de Fabio pelos direitos humanos”, afirmou.

Alunos fizeram breve encenação, usando jargões comuns de Belloni durante as aulas de Psicologia Social. 

Diversos amigos e personalidades da luta antimanicomial e dos direitos humanos se pronunciaram. Cada um deles recebia um vaso de flores ao final da fala. Uma das falas de destaque foi a de Mario Moro, usuário dos serviços de saúde mental e fotógrafo da Frente Antimanicomial de São Paulo.

“Senhores, é com muito orgulho que venho aqui falar deste meu grande amigo. Ele tinha uma militância fervorosa na nossa luta. Acho que hoje ele gostaria que a gente transformasse o luto em luta. Se hoje eu estou aqui, falando aos senhores, é porque Fabio colaborou muito para isso”, disse.

Aristeu Bartelli, novo presidente eleito do CRP/SP, lembrou da dedicação pela juventude.

“Fabio era amante da juventude, apoiou a militância estudantil. Era uma figura conhecida e muito querida entre outros professores da área de saúde. Estou aqui para dizer que o sopro não cessa”, bradou.

Garra e alegria

Evaldo Santana, amigo de pós-graduação, citou Cora Coralina:

“’Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos’. Fabio estará eternamente em cada um de nós”.

Vindo do Rio de Janeiro para a homenagem, o psiquiatra Paulo Amarante, amigo próximo de Belloni e militante da luta antimanicomial, lembrou que muitas das fotos mostradas no vídeo exibido durante a cerimônia (disponível neste link) foram feitas por ele.

“É muito difícil falar do Fabio. Eu ainda acho que chegarei em São Paulo e vou encontrar com ele, que vou dar risada, que vamos falar sobre nossas lutas, que ele vai soltar aquelas máximas que todo mundo conhece. Minha esposa está aqui comigo, muito emocionada. Só posso dizer que ele fez um belíssimo trabalho na Abrasme. Foi uma grande pessoa, enfim”, concluiu.

O evento terminou com fala da irmã do homenageado, Nara Belloni (foto). Com a voz embargada, Nara relembrou momentos junto ao irmão e pontuou a importância do reconhecimento dado no ambiente acadêmico. 

Alunos presentes entregaram flores e falaram à mãe de Belloni, D. Juracy. que estava na primeira fila, muito emocionada.

O evento criado no Facebook, para divulgar a homenagem, dizia: “Há dois meses sentimos saudades de Fabio Belloni. Sua alegria, sua amizade, seu senso de justiça e sua bravura nos faz muita falta. Mas sua marca em nossas histórias, em nossas lutas e em tudo que somos e fazemos torna-o todos os dias muito presente entre nós. É momento de nos reunirmos para celebrar a vida, os laços, os ensinamentos e os projetos que Fabio nos deixou. Para que juntos possamos sentir na sua ausência a presença de sua garra e de sua alegria e nos fortalecermos para seguir adiante.”

Fundador da Associação Brasileira de Saúde Mental, tendo sido o primeiro diretor do Núcleo SP, idealizador da Frente Estadual Antimanicomial de São Paulo, da Frente Nacional de Drogas e Direitos Humanos e membro do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Fabio faleceu no dia 12 de junho por complicações decorrentes de infecção pulmonar.

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