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ISP cria Fórum Latino Americano de Juventude, em evento no Paraguay

Nos dias 17 e 18 de agosto aconteceu em Assunção, Paraguay, o encontro de criação do Fórum Latino Americano de Juventude, fomentado pela Internacional dos Serviços Públicos (ISP), da qual o SinPsi é filiado. O encontro contou com a presença de jovens representantes de 13 países, da América Central/Caribe ao Cone Sul, passando pelo Brasil.

O Fórum surge com a proposta de oferecer um espaço de formação para jovens sindicalistas membros dos comitês nacionais e sub-regionais da ISP, dialogando sobre importantes temas que guardam relação de influência mútua com os serviços públicos, como a Justiça Fiscal, Privatização, Políticas de Gênero e Juventude, entre outros.

Em uma das mesas do evento, inclusive, que tratou de Justiça Fiscal, houve a participação do brasileiro Gabriel Casnati, funcionário da ISP, responsável por assessorar o Comitê de Jovens da ISP Brasil, e palestrante sobre o tema de Justiça Fiscal.

Há todo um planejamento em torno de pactuar ações conjuntas para lutar por serviços públicos de qualidade e por maior inserção, densidade e protagonismo da juventude no movimento sindical e na política em si. A ideia é promover a integração e a solidariedade entre os jovens desses países.

Vinicius Saldanha e Aline Martins, jovens diretores do SinPsi, participaram do encontro, representando o Comitê de Jovens da ISP Brasil, do qual Saldanha responde também como coordenador. Além de participarem ativamente dos debates, em momentos de importante intercâmbio cultural e político, fizeram uma apresentação sobre o atual cenário dos serviços públicos no Brasil e os impactos para a juventude, resgatando a trajetória desses desde a promulgação da Constituição de 1988, passando pela década de governos neoliberais em 1990, pelo fortalecimento e aprimoramento desses serviços a partir de meados da década de 2000,até o atual desmonte promovido pelo governo ilegítimo, após o Golpe de Estado, por meio da Reforma Trabalhista, da PEC do Teto de Gastos, dentre outros documentos que retiram direitos há tanto tempo conquistados.

“A atual juventude brasileira é a geração mais beneficiada pelas políticas sociais da última década e também a uma das mais afetadas com o desmonte. Os demais países demonstraram grande interesse em conhecer mais detalhes do atual momento do Brasil, pela relevância que o País apresenta na região e pelo fato de compreenderem que tal desmonte faz parte de uma ofensiva mais ampla, feita pelo capital internacional, avançando contra a soberania das nações, em nome de interesses financeiros, em detrimento dos direitos da população”, analisou Saldanha.

A programação do evento também teve momentos de exposição seguidos por debates em grupo.

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Gênero em debate

Os debates passearam por temáticas atuais e presentes nos ambientes jovens, como as questões de gênero – o quanto a retirada de direitos impacta direta e violentamente a vida dos jovens e, de modo especial, das mulheres e dos negros.

“Vale ressaltar que a conjuntura política atual, os direitos retirados, os retrocessos que acontecem, são pontos que não podemos discutir sem considerarmos gênero e raça. É necessário também entender a dimensão subjetiva das desigualdades para fazer este enfrentamento, pois a luta não é apenas por um novo modelo econômico, mas por uma nova sociedade, justa e igualitária. Daí a importância de uma atuação sindical sócio-política”, apontou Aline.

Ouvir as mulheres e compreender suas dificuldades, promovendo espaços de militância e discussão que possam abrangê-las, e não segregá-las ainda mais. Esse é o ponto. No encontro de criação do Fórum Latino Americano de Juventude foram citados alguns exemplos para a efetivação de espaços democráticos para as mulheres no meio político sindical, como considerar a necessidade de espaço de cuidado para crianças pequenas; atividades em dias e horários que facilitem a presença das mulheres, considerando a dupla jornada; não silenciar a fala da mulher por ela ser mulher, deslegitimando-a; incentivar a inserção das mulheres em cargos de tomadas de decisões, trabalhar em prol da visibilidade e representatividade.

“Nos últimos anos tivemos avanços significativos sobre a adoção de políticas de gênero no sindicalismo brasileiro. As discussões sobre esse tema, hoje, estão mais presentes nos sindicatos, assim reduzindo as desigualdades entre os sexos no âmbito sindical e do trabalho. Mas ainda é necessária discussão, pois o machismo e o sexismo estão naturalizados. Mesmo as mulheres ativistas encontram duras resistências ainda”, revelou a dirigente do SinPsi.

Sendo assim, conclui-se que, para evitar a reprodução dessas desigualdades, é necessária muita reflexão, políticas afirmativas e discussões amplas.

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