Em guerra permanente contra o governo Dilma desde a implantação do programa Mais Médicos, o Conselho Federal de Medicina questionou uma campanha do Ministério da Saúde, lançada pelo ministro Arthur Chioro, para combater o racismo; “Com esta campanha o Ministério da Saúde insinua que o médico e os outros profissionais diferenciam pela raça, fazem um apartheid, diferenciando o negro do branco. Morrem negros, brancos, morenos e amarelos porque o governo não cuida da saúde pública”, declarou o secretário do CFM, Sidnei Ferreira
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou ontem (27) nota de repúdio à campanha contra o racismo no Sistema Único de Saúde (SUS), lançada pelo governo esta semana. A classe médica disse que a campanha tem tom racista e “desconsidera problemas estruturais que afetam toda a população”.
Para o secretário do CFM, Sidnei Ferreira , o problema do SUS está longe de ser o racismo. “Com esta campanha o Ministério da Saúde insinua que o médico e os outros profissionais diferenciam pela raça, fazem um apartheid, diferenciando o negro do branco. Morrem negros, brancos, morenos e amarelos porque o governo não cuida da saúde pública”, declarou.
Segundo o conselho, os quase 400 mil médicos brasileiros são contra qualquer tipo de preconceito na assistência a pacientes e há um dispositivo no Código de Ética Médica estabelecendo que os profissionais devem zelar para que ninguém seja discriminado por razões vinculadas à herança genética.
Na nota, o CFM diz estar preocupado com as condições de trabalho e atendimento oferecidos pelo SUS. ”São essas as causas do mau atendimento para a população no SUS, não importando questões de gênero, classe social ou etnia”.
O Ministério da Saúde divulgou nota na noite de hoje comentando as declarações do CFM. Segundo a nota, o ministério reafirma que o SUS “não tolera o racismo ou qualquer atitude discriminatória” e que a campanha “reconhece que o racismo no Brasil está expresso em suas mais diversas formas e áreas”.
“Além da dimensão histórica, que mostra que as condições socioeconômicas da população negra se refletem em índices como morte materna, infantil e violência, bem como na dificuldade de acesso a serviços de saúde, há o racismo institucional. Nesse caso, dados revelam que os negros são atendidos em consultas com tempo reduzido, o uso de anestesia é menor nos partos e, em alguns casos, a abordagem aos pacientes não é ética ou respeitosa. Assim como acontece de pessoas que chegam aos serviços de saúde e não querem ser atendidas por profissionais negros. Ou seja, dentro das mesmas condições, há atendimento diferenciado entre brancos e negros”, informou a nota.
Segundo o ministério, a campanha atende a uma demanda do movimento negro. “As centenas de comentários preconceituosos postados nas redes sociais da pasta em resposta à ação reforçam que é necessário enfrentar esse tema.”