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Mulheres ampliam participação na economia, mas diferenças persistem

Segundo Dieese e Seade, relativa melhora do mercado de trabalho colaborou para a inserção feminina. No ano passado, cresceu a presença na área formal. Rendimentos são menores que os dos homens

São Paulo – Embora 2015 tenha sido um ano ruim para o mercado de trabalho, com aumento da taxa de desemprego e redução do nível de ocupação, pesquisa divulgada hoje (3) pelo Dieese e pela Fundação Seade mostra tendência de aumento da participação da mulher e crescimento na formalização. Os dados referem-se ao Distrito Federal e às regiões metropolitanas de Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e São Paulo.

Na distribuição da mão de obra feminina, as assalariadas chegam a 71,1% dos ocupados em Porto Alegre e a 70,4% no Distrito Federal. A menor proporção, de 56,9%, é em Fortaleza, onde há maior proporção de autônomas: 25,1%. Em São Paulo, as assalariadas somam 68,9%, caindo para 64,6% em Salvador, região que tem a maior proporção de empregadas domésticas (16,2%).

De 2014 para 2015, as mulheres ampliaram presença no emprego assalariado no setor privado com carteira assinada em todas as regiões com dados comparáveis: crescimento de 4,6% em Fortaleza, 2,4% em Porto Alegre, 1,9% em Salvador e 0,4% em São Paulo. No caso dos homens, houve queda em todos os casos. Na ocupação sem carteira, a pesquisa registra queda em ambas as situações.

Já a taxa de desemprego teve aumento generalizado, mas a variação foi menos intensa para as mulheres, que têm índices mais altos em relação aos homens. A taxa atingiu 20,5% em Salvador, 16,1% no Distrito Federal, 14,3% em São Paulo, 9,5% em Fortaleza e 9,1% em Porto Alegre. “Em todas as regiões, onde é possível a comparação com o ano de 2014, as elevações nas taxas de desemprego refletiram a queda no nível ocupacional”, afirmam as entidades, acrescentando que a situação foi diferente do ocorrido na última década, “em que a redução da taxa de desemprego esteve associada ao crescimento da atividade econômica e, por conseguinte, ao aumento da ocupação”.

A jornada de trabalho, diferente entre homens e mulheres, reflete o tempo que as trabalhadoras gastam em atividades domésticas. “O exame da jornada de trabalho é fundamental para identificar o peso que as responsabilidades familiares têm para as mulheres. Isso fica explícito na maior presença das mulheres em atividades de tempo parcial, e na sua inserção em determinados tipos de postos de trabalho e setor de atividade”, diz a pesquisa.

Os dados mostram jornada de 38 horas semanais para as mulheres em Salvador (42 horas para os homens) e em São Paulo (43 horas), 39 horas em Porto Alegre (43) e no Distrito Federal (41) e 40 horas em Fortaleza (44). “Esse dado revela os cuidados com a família e o lar, atribuições históricas e socialmente reservadas às mulheres, e que refletem na sua menor disponibilidade para exercer jornada integral de trabalho.”

Mesmo com maior participação da mão de obra feminina, persistem as diferenças de rendimentos. “As mulheres auferem menores remunerações em todas as posições ocupacionais, tanto no emprego formal como no trabalho autônomo”, afirmam Dieese e Seade, lembrando que em anos anteriores elas chegaram a ter ganhos de rendimento superiores aos dos homens. No ano passado, ante 2014, houve declínio de rendimento para os dois, em quase todas as regiões, com exceção da estabilidade para as mulheres em Salvador (0,1%).

Entre os ocupados, a proporção do rendimento das mulheres em relação ao dos homens foi de 79,8% em Porto Alegre, 78,6% em Salvador, 75,9% em Fortaleza, 74,9% no Distrito Federal e 74,3% em São Paulo.

Considerado o ganho por hora trabalhada, uma medida que ajuda a reduzir distorções, os dados, embora ainda apontem diferenças, mostram que essa distância vem se reduzindo. Na região metropolitana de São Paulo, a proporção passou de 79,8%, em 2009, para 84% no ano passado. Em Porto Alegre, foi de 83,5% para 87,9%. Em Salvador, de 82,5% para 86,8%, e em Fortaleza, de 77,1% para 83,4%. O único local onde não houve melhora foi no Distrito Federal: de 79,4% para 78,7%.

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