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O que esperar do trabalho da Psicologia do esporte nas olimpíadas/paralimpíadas?

Com a chegada dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, surgem muitos questionamentos sobre como foi a preparação psicológica dos atletas.

Cabe ressaltar que a preparação psicológica dos atletas e da comissão técnica está vinculada a uma preparação global. Assim como se trabalha a parte física, técnica, tática e nutricional, também se trabalha a parte psicológica, igualmente importante e integrante de um bom rendimento esportivo.

Dentro da preparação psicológica, pode-se treinar habilidades mentais, como concentração, manejo de emoções, ativação, tomada de decisão, entre outras habilidades psicológicas, a fim de fazer o melhor uso quando for requisitado ao atleta, para que em situações competitivas ele possa ter uma melhor atuação. Como cada atleta é diferente e único, é necessário um trabalho individualizado e específico para cada necessidade. No caso de modalidades coletivas, questões referentes à dinâmica que o grupo possui entre seus integrantes também devem ser trabalhadas considerando as idiossincrasias dessa equipe, a fim gerenciar as situações que se apresentarem da melhor maneira possível.

Para que a Psicologia Esportiva consiga resultados efetivos, se faz necessário um trabalho contínuo e planejado, presente no dia a dia dos atletas, não apenas no período dos Jogos Olímpicos. Assim como as demais áreas, quanto mais tempo houver somado a um bom planejamento, boa comunicação e integração com a comissão técnica e credibilidade por parte dos dirigentes, maior será o impacto positivo do trabalho desenvolvido.

Focando nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Rio 2016, o que podemos acompanhar e participar em termos da preparação psicológica dos atletas é ter havido uma maior disseminação e credibilidade do trabalho desenvolvido pela/o profissional da Psicologia, percebido tanto pelos atletas, quanto pelas comissões técnicas. A área tem expandido sua atuação, o que tem sido viabilizado por bons trabalhos e a percepção de seus resultados.

Pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos, cerca de 30 psicólogas/os esportivas/os poderão atuar com seus atletas e/ou equipes, presencialmente, dentro da vila olímpica, em dias específicos escolhidos conjuntamente com suas respectivas comissões técnicas. Mais um avanço!

Este novo cenário tem sido muito desejado e promissor, ao mesmo tempo em que apresenta novos desafios para a área, que precisa se atualizar e dinamizar para acompanhar o ritmo intenso do alto rendimento esportivo.

Mesmo assim, ainda é possível vivenciar situações em que a/o psicóloga/o ainda é requisitado de última hora para dar conta de demandas que poderiam ter sido evitadas; por vezes nosso trabalho é rejeitado e sofre preconceitos por despertar medos velados que se expressam em resistências e, por vezes, até boicotes. Sim, ainda há muito que fazer para que a presença da Psicologia Esportiva se torne natural no ambiente do alto rendimento esportivo do Brasil.

Com tantos desafios, espera-se que terminado os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 e toda a exposição midiática que eles trazem, o esporte e todas as suas áreas correlatas (incluindo a Psicologia Esportiva) não sejam esquecidos e relegados a segundo, terceiro ou quarto plano. Para tanto, da nossa parte, estamos desenvolvendo uma Psicologia Esportiva ética e sólida que sobreviva mesmo após o boom da “moda olímpica”.

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