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Pesquisa revela que cyberbullying cresce no Brasil, com 31% das crianças assumindo que já agrediram por meio de ferramentas virtuais

As crianças entre 10 e 15 anos têm se envolvido mais em provocações virtuais do que em sala de aula. Uma pesquisa realizada em todo o Brasil pelo Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (Ceats) da Fundação Instituto de Administração (Fia), em parceria com a ONG Plan, aponta que 17% dos alunos de 5ª a 8ª estão envolvidos em casos de bullying nas escolas, entre agressores e vítimas. O número salta para 31% quando o assunto é o cyberbullying, praticado com a ajuda de ferramentas tecnológicas (veja quadro ao lado).

O bullying, a provocação que acontece repetidamente e sem motivo, ganha o mundo virtual com facilidade em razão do anonimato. Diferentemente do que é feito no ambiente escolar, em que as brincadeiras são repreendidas por professores, na internet o agressor acredita que não será reconhecido e o problema só chega ao conhecimento da escola após atingir proporções maiores.

A pesquisa do Ceats, que ouviu 5.168 alunos da rede pública e privada de ensino de todo o País no segundo semestre de 2009, aponta ainda que a incidência é maior entre crianças de 12 a 14 anos, representando cerca de 69% das vítimas. “No ensino médio o agressor passa a ser excluído do grupo e o bullying não é mais uma prática tão comum”, explica a especialista em bullying Cléo Fante, que participou da realização da pesquisa.

Segundo o coordenador pedagógico do ensino fundamental II do Colégio Santo Américo, Cesar Pazinatto, é principalmente no 6º ano que a prática de bullying se torna mais comum. “O trabalho de orientação e prevenção ao bullying é intensificado nesse período, pois as crianças se tornam mais agressivas”, afirma.

A propensão à prática do bullying, somado ao acesso às tecnologias, permite que as provocações migrem para o mundo virtual. De acordo com a pesquisa, as vítimas relatam difamações por e-mail, MSN e sites de relacionamento, como o Orkut, como as principais agressões. Cerca de 12% das crianças foram alvo desse tipo de provocação.

Para a orientadora educacional do Colégio Pio XII, Fátima Miranda, o cyberbullying deve ser a principal preocupação dos educadores. “Os alunos se relacionam mais pela internet do que no mundo real e os professores não têm acesso a esses relacionamentos.”

Fora do alcance dos professores e escondidas dos pais, as crianças expõem os colegas a um número maior de pessoas e tornam a provocação mais elaborada. Os apelidos e xingamentos se tornam comunidades no Orkut, correntes de e-mail e brincadeiras no Twitter, que dificilmente são apagadas. “Alguns problemas atingem proporções maiores, fogem da alçada das escolas e se tornam casos de polícia”, diz Cléo Fante.

Ainda de acordo com a pesquisa, as vítimas das agressões, sejam elas feitas em salas de aula ou de bate-papo, se sentem desmotivadas a ir a escola, e podem abandonar as aulas. “É algo para o qual o Ministério da Educação deve ficar atento”, afirma Cléo.

AS VÍTIMAS

São crianças que geralmente representam uma minoria na sala de aula

Elas podem começar a apresentar baixo rendimento escolar ou dificuldades
de aprendizado

Se a criança passar a desenvolver com frequência febre, dores de cabeça ou diarreia minutos antes de ir para a escola, isso pode ser indício de que há algum problema

As crianças podem se tornar agressivas em casa

Uma vez identificada a criança como vítima, é preciso que ela saiba que tem o apoio dos pais

O diálogo deve ser incentivado como forma de resolver o problema na escola

Os pais devem procurar a coordenação da escola para encontrar uma solução para o
Problema

O LEVANTAMENTO

5.168
Alunos de todo o País
Participaram da pesquisa realizada pelo Ceats, no segundo semestre do ano passado, nas redes pública e privada

69%
Das vítimas
São crianças entre 12 e 14 anos. Segundo análises, no ensino médio quem pratica bullying é excluído do grupo

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