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Previdência: o dinheiro do SUS no tráfico de votos

Bolsonaro, mergulhado na “velha política”, libera, só nos primeiros dias de julho, R$ 1,135 bilhão em emendas parlamentares na saúde

A Câmara dos Deputados encerrou na madrugada de hoje a discussão do texto-base da reforma da Previdência. Para ser aprovada, a PEC enviada pelo governo Jair Bolsonaro precisa de 308 votos entre os 513 deputados. Duas votações preliminares mostram que há chances de que seja aprovada com facilidade, aponta o El País Brasil. Um requerimento do PCdoB para obstruir a votação foi votado, mas perdeu de 331 contra 117. E por 353 votos a 118, os deputados concordaram com o requerimento do PSL em terminar o debate do projeto, o que limou a ida dos parlamentares à tribuna para defender ou criticar o texto.

A oposição carregava cartazes com os dizeres: “Oferta do Jair. Sua aposentadoria por R$ 444 milhões”. Isso porque o governo definitivamente abriu o cofre. Bolsonaro liberou R$ 1,135 bilhão em emendas parlamentares na área de saúde. No Twitter, o presidente, crítico da “velha política”, deu a seguinte explicação para sua base: “Por conta do orçamento impositivo, o governo é obrigado a liberar anualmente recursos previstos no orçamento da União aos parlamentares e a aplicação destas emendas é indicada pelos mesmos. Estamos apenas cumprindo o que a lei determina e nada mais.”

Mas o ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi mais sincero e afirmou ao site Jota e à Folha que a liberação das emendas de sua pasta foi um esforço “óbvio” para aprovar a reforma.

Um levantamento da ONG Contas Abertas concluiu que nos cinco primeiros dias de julho, o governo ainda empenhou outros R$ 2,551 bilhões em emendas – valor que supera tudo o que foi empenhado nos seis primeiros meses do ano (R$ 1,773 bi). Segundo a Folha, no começo desta madrugada, o governo já havia prometido liberar um total de R$ 5,6 bi em emendas – mas, mesmo assim, os congressistas queriam mais.

A expectativa de Rodrigo Maia é que até amanhã a proposta de emenda constitucional e seus destaques sejam votados. E até sexta-feira, a proposta toda em um segundo turno. Depois, a PEC segue para o Senado – e o presidente da Casa Davi Alcolumbre disse ontem que pretende votar a reforma em 45 dias.

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