Em parceria entre a Secretaria de Políticas para as Mulheres, o Instituto Patrícia Galvão e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher, foi realizada, entre os dias 2 e 4 de dezembro de 2010, a sétima edição do seminário Mulher e Mídia, no Rio de Janeiro. O evento reuniu profissionais da imprensa, pesquisadoras (es), gestoras (es) e ativistas para discutir os direitos das cidadãs brasileiras. Ao todo, foram 550 inscritos, de 23 estados do país.
A conselheira do Conselho Federal de Psicologia Roseli Goffman participou do seminário. Segundo ela, a Psicologia esteve presente, representada por diversas psicólogas que fazem parte do Movimento de Mulheres. “Esta ação é mais uma etapa da institucionalização de nossas atividades nesta pauta, eleitos que fomos a partir de 2010, para integrar o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, o CNDM”, disse.
Na abertura do seminário, foi exibido o filme “Reze para que o Diabo Volte ao Inferno”, de Gini Reticker, que relata o poder das mulheres unidas, superando as diferenças na construção da paz. Em seguida, aconteceu uma mesa de debate da qual participaram a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, a chefe da delegação argentina na Reunião Especializada de Mulheres do Mercosul (REM) e presidente do Conselho Nacional da Mulher (Argentina), Lídia Mondelo, a chefe da delegação paraguaia na REM, Teresita Silvero, a representante do Instituto Nacional das Mulheres (Uruguai), Lúcia Scuro e as deputadas federal Benedita da Silva (PT-RJ) e estadual Inês Pandeló (PT).
Na palestra Monitoramento da Mídia: A cobertura e as candidaturas de mulheres foi analisada a atuação da mídia nas eleições, considerando o tema mais abordado no segundo turno, o aborto, com o debate sobre a reação das forças conservadoras neste período da campanha. Questionou-se também que apesar de duas candidaturas femininas à presidência, não houve nenhum avanço no quórum de mulheres no parlamento. Na eleição de 2010, apenas duas foram eleitas governadoras, na Câmara dos Deputados, foi mantido o mesmo número de mulheres em relação a 2006, ou seja, 45 deputadas e no Senado Federal foram eleitas sete mulheres, uma a menos do que em 2002.
Na mesa Comportamentos e Percepções da Sociedade sobre as Mulheres na Política, a socióloga, consultora da TV Cultura e diretora do Instituto Patrícia Galvão, Fátima Jordão apresentou análise da Teoria de Dissonância Cognitiva (Leon Festinger), que se expressaram na recente campanha presidencial, fazendo-se referência à alteração nas concepções populares sobre a mulher, representadas por estereótipos, tais como: “em briga de marido e mulher não se mete a colher”, “ele rouba, mas faz”. Para ilustrar esse conceito, foi exibido um vídeo, que discute o tema aborto, veja aqui.
O debate contou com o lançamento da pesquisa da Fundação Perseu Abramo em parceria com o SESC, sobre as Mulheres Brasileiras e Gênero no Espaço Público e Privado, que revela acentuadas transições do imaginário social feminino nas pesquisas realizadas em 2001 e 2009, respectivamente.
Na mesa de encerramento, “Horizonte Futuro: Mulheres no Poder e a Mídia”, a ministra Nilcéa Freire apontou para uma priorização na institucionalização das políticas para as mulheres e indicou a importância de se produzir reflexões sobre as demandas e ações do governo Lula na construção destas políticas.