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Venda dos leitos públicos para o setor privado e planos de saúde vai causar fragilização do SUS, afirma Rogério Giannini

Para o presidente do Sindsaúde-SP, Benedito Augusto de Oliveira (Benão), não há como regulamentar a separação de leitos do Sistema Único de Saúde (SUS), para pacientes do sistema público e de empresas privadas, como propõe o projeto de lei complementar 45/2010, apresentado pelo governador de São Paulo Alberto Goldman (PSDB). O projeto, em análise na Assembleia Legislativa de São Paulo em regime de urgência, prevê destinar 25% da capacidade das unidades públicas de saúde especializadas e de alta complexidade a planos de saúde.

“É impossível operacionalizar (essa proposta)”, aponta. “A pessoa está doente e você vai dizer a ela que ficou nos 26% e são só 25%. Isso é um crime. O contrário também em relação aos 75%”, elabora. O governador de São Paulo, Alberto Goldman, está fazendo uma “antipolítica”, conceitua o dirigente sindical, durante audiência pública realizada pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de São Paulo, na terça-feira (7).

Em entrevista à Rede Brasil Atual, ele explicou que as demandas universais das políticas sociais estão em constante mudança e “não têm mensuração”. “Leito não é uma coisa estática. Cada dia, cada semana há um número à disposição”, esclarece.

Rogério Giannini, do Sindicato dos Psicólogos, analisa que a medida vai causar fragilização do Sistema Único de Saúde (SUS). “Os melhores serviços vão ser disputados pelos planos e os serviços que são 100%, serão 75%”, critica.

A implantação do projeto deve criar o que os especialistas da área chamam de “dupla porta”, antevê o dirigente sindical. “Vai ter dupla porta fisicamente mesmo”, adianta. “Uma entradinha para o SUS e outra para o plano privado”, sublinha Giannini.

Benão e Giannini apostam que os principais beneficiados pela oferta de leitos do SUS aos planos privados serão as empresas que controlam convênios e planos de saúde. “Eles atendem cada vez mais pessoas e com isso não precisarão fazer novas instalações”, dispara. “E ainda terão acesso ao que há de melhor (em serviços públicos de saúde”, define Giannini.

“Eles devem estar comemorando. É um negócio da China”, compara o representante do Sindicato dos Psicólogos.

*Insistência*
Benão vê com preocupação a insistência do governo do estado de São Paulo em “vender leitos públicos”. A mesma proposta foi vetada no final do ano passado pelo então governador José Serra (PSDB), após a repercussão negativo do projeto.

“A insistência em privatizar a saúde em São Paulo não tem similaridade no Brasil”, anuncia. “O lucro não será remetido ao estado. É uma mentira que essa cobrança vai salvar o sistema. Ele precisa de muito mais recursos, são equipamentos de alta tecnologia”, descreve o presidente do SindSaúde.

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