27jun2025 Por Norian Segatto
A Central Única dos Trabalhadores – CUT definiu a realização de um plebiscito nacional para que a população se posicione sobre duas importantes questões que estão no centro de debate brasileiro atualmente: a mudança da escala 6×1 (seis dias de trabalho por um de descanso), sem redução de salários e a isenção de Imposto de Renda para quem recebe até 5 mil reais.
O processo do plebiscito acontece em três etapas:
1) Formação de comitês populares que ficarão responsáveis pela coleta das respostas do plebiscito em seu território;
2) Votação: Começa oficialmente em 1º de julho, com o primeiro mutirão de coleta de votos previsto entre os dias 1º e 6 de julho. A segunda mobilização ocorre de 25 a 27 de julho, seguida por um novo esforço entre os dias 29 e 31 de agosto. O ponto alto da campanha será a Semana Nacional de Mobilização, de 1º a 7 de setembro, quando estão previstas grandes votações em praças, escolas, feiras e locais de trabalho.
3) Entrega do resultado ao presidente Lula, ao Congresso Nacional e ao Superior Tribunal Federal (STF).
O objetivo da CUT é, além de saber a opinião dos brasileiros sobre esses temas, mobilizar a sociedade para discutir e pressionar os três poderes.
Reforma trabalhista piorou a vida dos trabalhadores
A reforma trabalhista ocorrida no governo golpista de Temer (2017) abriu caminho para o aprofundamento da precarização do trabalho. A flexibilização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) permitiu que o domingo fosse incorporado como dia útil, sem os acréscimos salariais. A medida enfraqueceu o direito ao descanso semanal preferencialmente aos domingos, afetando tanto a renda quanto a vida social do trabalhador. A jornada 6×1 tornou-se comum em diversas categorias; antes da dita reforma, exigia se compensações, como adicional de até 100% por hora trabalhada aos domingos e pelo menos um domingo de descanso mensal. Hoje, sem limites legais claros, o domingo passou a ser tratado como qualquer outro dia, o que gerou perda salarial e desestruturação da vida familiar.
Tributar os mais ricos
Outro ponto que o plebiscito vai pautar é a isenção de IR para quem ganha até 5 mil reais (que foi um compromisso de campanha do presidente Lula, mas que o Congresso está barrando) e maior taxação para quem ganha mais de 50 mil reais, o que representa menos de 1% da população.
Segundo o Dieese, cerca de 30 milhões de brasileiros recebem até R$ 5 mil por mês. Na oficina preparatória para o plebiscito, realizada pela CUT no dia 26jun, Leandro Horie, do Diesse, explicou que a parcela da sociedade que ganha até R$ 5mil arca com maior carga tributária proporcional, já que a maior parte dos impostos incide sobre o consumo. Os assalariados têm o Imposto de Renda retido na fonte, ou seja, diretamente dos salários, enquanto executivos e empresários, que recebem dividendos de ações — forma comum de remuneração no alto escalão financeiro — são isentos. “Isso significa que o trabalhador paga proporcionalmente mais do que quem acumula patrimônio”, afirmou Leandro.
Escala 6×1 e jornada de 30 horas
Uma luta histórica da nossa categoria é a pela jornada das 30 horas semanais. Aí, alguém pode estar se perguntando: mas por que vou apoiar e ajudar um plebiscito sobre a escala 6×1 (que na prática significa 40 horas semanais) se minha categoria luta pelas 30 horas? A diretora do Sindicato, Marcella Milano, responde de forma bem direta: “Lutar para que toda a sociedade trabalhe menos horas ajuda diretamente a nossa luta, hoje enfrentamos vários setores conservadores que dizem que jornada de 30 horas é privilégio, porque os demais fazem jornada de 44 horas, diminuir a jornada de toda a classe trabalhadora, além de ser uma bandeira muito justa, nos ajuda a alavancar a luta pelas 30 horas para a Psicologia”.
A direção do SinPsi irá se reunir para definir como irá encaminhar esta campanha junto à categoria. Nos próximos dias publicaremos novas informações, com materiais de campanha e orientações para quem puder ajudar nesse importante momento.