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1º de Maio da CUT: Seminário conclui que solidariedade latino-americana está derrotando o imperialismo e que retrocesso seria um desastre

A solidariedade entre os povos latino-americanos vem derrotando o imperialismo e o neoliberalismo, e faz da região a protagonista de um outro mundo que já é realidade.

Este é um dos resumos possíveis da mesa de debates que abriu, na manhã desta sexta, 30, o Seminário Sindical Internacional promovido pela CUT como parte das celebrações do 1º de Maio. O Seminário está sendo realizado no Memorial da América Latina, Barra Funda, capital paulista.

O professor Emir Sader deu alguns exemplos: “A Bolívia erradicou o analfabetismo. Isto é tão significativo que a imprensa não noticia, porque é um golpe no modelo de ensino privado. Isso também nega a ideia de que os mais ricos avançam mais”, disse o secretário geral da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais) durante sua intervenção. “Esse feito extraordinário na Bolívia aconteceu por causa da solidariedade cubana, que forneceu o método de ensino e o professores”, completou Emir, que ainda destacou que a erradicação do analfabetismo no país vizinho se deu em menos de cinco anos e num contexto em que a população fala mais de uma língua (espanhol, quechua, aimará e diversos dialetos).

Um dos símbolos dessa solidariedade é a Alba (Aliança Bolivariana para os Povos), onde, segundo o professor, “cada um dá o que tem e recebe o que precisa”. Lembrou ainda que leu recentemente no jornal “La Nacion” que 18 mil argentinos recuperaram a visão em cirurgias realizadas em hospitais bolivianos pelas mãos de médicos cubanos. “É por aí que estamos avançando”.

A política externa dos governos progressistas da região tem sido movida por esse espírito de solidariedade, que inexistia na época em que imperava o neoliberalismo. “Quando o candidato da direita critica o Mercosul e o chama de farsa, ele reflete o que foi o período anterior”, afirma Emir.

Todos os três palestrantes foram enfáticos ao dizer que é preciso impedir o retrocesso, a contra-ofensiva da direita, inclusive no Brasil, que este ano vai às urnas. “Ao olharmos para o México, que só no ano passado teve PIB negativo em sete por cento, podemos imaginar o que seria do Brasil se o receituário neoliberal ainda estivesse em curso”, analisa Emir.

“A direita tem como objetivo fraturar nosso internacionalismo e retomar o bilateralismo com os Estados Unidos. Mas, assim como não teríamos conseguido eleger diversos governos progressistas na América Latina sem a classe trabalhadora organizada, a mesma organização dos movimentos sociais deve impedir esse retrocesso, aprofundando a interlocucação com os governos populares”, afirmou o secretário da CSA, central sindical da Argentina, Hugo Yasky.

Para José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, “nós já vivemos num outro mundo, a unipolaridade já está se desmanchando. E não só pelas derrotas norte-americanas no Iraque, no Afeganistão, nem pela existência das potências nucleares e econômicas da China e da Índia, mas especialmente pelo processo de transformação que vem acontecendo em nossa região”.

Na opinião dele, a política externa reflete a política interna. “A missão do governo Lula era fazer o Brasil ocupar seu lugar no mundo e fazer os brasileiros ocuparem seu lugar no Brasil. E isso vem acontecendo”, disse.

Pouco antes dele, Emir Sader havia declarado quais os atores responsáveis pela derrota do neoliberalismo no Brasil e pelos avanços conquistados nos últimos anos. “A CUT, o PT e os movimentos sociais. Somos orgulhosamente responsáveis”.

Na abertura do seminário, o presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, havia explicado que a escolha do tema “Todos Unidos pela Integração Regional, Trabalho Decente, Contra o Neoliberalismo e Xenofobia”, que é a marca do 1º de Maio da Central neste ano, deve-se ao momento decisivo em que a região se encontra. “Acreditamos que é hora de discutir a magnitude do que o movimento social está construindo na América Latina, com o objetivo de integrar ainda mais a classe trabalhadora do continente”.

Artur Henrique, presidente nacional da CUT, afirmou que a escolha do tema e do formato do 1º de Maio 2010 é uma “grande sacada. Temos de avaliar a importância da luta dos trabalhadores latino-americanos e espraiar este exemplo para o mundo todo. Aqui nós já estamos construindo um novo modelo de desenvolvimento”, disse.

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