Há pouco mais de um ano, as mulheres da Central Única dos Trabalhadores tomaram os 8 mil metros quadrados de um centro de exposição na capital paulista para conquistar um marco histórico: a paridade. Por conta dessa invasão de bandeiras na cor lilás, precedida de longa luta e muita mobilização, a partir das próximas eleições da CUT, previstas para 2015, a direção da Executiva nacional e também das estaduais terão de destinar, ao menos, 50% dos cargos para cada gênero.
O palco dessa vitória das mulheres e de todo o movimento sindical foi o 11º Congresso Nacional da CUT, realizado em julho de 2012, evento que entrou para a história por ter garantido mais um importante avanço na luta pela igualdade da mulher trabalhadora.
Resultado de muita mobilização, a paridade foi aprovada por um auditório completamente tomado por bandeiras na cor Lilás empunhadas por mulheres que não deixariam o plenário sem a vitória. À época, a secretária da Mulher Trabalhadora, Rosane Silva, defendeu que, apesar de maioria na sociedade e no mercado de trabalho, as mulheres ainda tinham negado o direito de estar representadas nos espaços políticos, principalmente no movimento sindical. “Não aceitaremos apenas resoluções sobre a paridade, queremos que esse mecanismo esteja expresso no estatuto”, afirmou em discurso a dirigente antes da votação e aprovação da paridade.
Até chegar a conquista de 2012, foi necessária muita luta. Em 1986, no 2º Congresso Nacional da CUT, foi criada a Comissão da Questão da Mulher Trabalhadora, à época subordinada à Secretaria de Política Sindical, mas muito antes, as mulheres do movimento sindical já lutavam contra opressão, discriminação e reivindicavam direitos iguais no local de trabalho.
Exemplo dessa combatividade é o 1º Congresso das Metalúrgicas do ABC, realizado em 1978, quando o presidente do Sindicato era o então metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, que viria a ser presidente reeleito e a fazer de uma mulher, Dilma Rousseff, sua sucessora na Presidência da República.
Em 1991, processo de discussão de ações afirmativas para corrigir as desigualdades entre os gêneros no movimento sindical cutista e ampliar a participação da mulher na direção da Central, em 1993, na 6ª Plenária Nacional da CUT, na aprovação da cota mínima de 30% e máxima de 70% de cada gênero nas instâncias da Central. A medida foi incorporada ao Estatuto na 12ª Plenária Nacional, em 2008, com a ampliação para as instâncias verticais e horizontais.