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Abertura do Congressão destaca comprometimento social e diversidade da Psicologia

Começou oficialmente nessa quarta-feira (19) o IV CBP. A cerimônia de abertura ocorreu no auditório do Anhembi e destacou a diversidade e o engajamento social da categoria, pavimentando o caminho para as discussões que permeiam tanto a academia quanto a prática cotidiana dos trabalhadores da Psicologia. Os próximos quatro dias do evento serão realizados na Universidade Nove de Julho (Uninove), na Barra Funda. Mais de 12 mil se inscreveram para o encontro.

O coordenador do Congresso, que é realizado a cada quatro anos pelo Fórum de Entidades Nacionais de Psicologia Brasileira (FENPB), o uruguaio Fabián Rueda fez as honras em nome da organização, logo após o evento ter sido inaugurado por Ângela Soligo, secretária executiva do FENPB, e traçou um breve histórico do chamado “Congressão”, desde sua criação em 2000. Segundo Ruedas, desde aquela época já se observava um importante crescimento da profissão no Brasil, e as entidades componentes do Fórum se propuseram a organizar um evento que mostrasse a diversidade da categoria e seu compromisso com a sociedade.

“Nos perguntávamos então o que queremos da Psicologia, e a resposta encontrada foi buscar a conexão entre ciência e profissão, como mostra o nome do evento, para criar espaços democráticos de discussão e de ação para a constituição ode uma sociedade melhor, com mais justiça e equidade”, resumiu Ruedas. Ele salientou ainda que, antes da criação do Fórum, “a psicologia caminhava dispersa no Brasil, e isso não permitia avanços coletivos”. “A fórmula dessa organização coletiva foi bem sucedida para superar interesses individuais ou personalismo”, considera.

O Congresso está dividido em três eixos: Psicologia e sustentabilidade; Psicologia, formação e práticas profissionais na construção de um projeto ético político; e Psicologia e políticas públicas no enfrentamento das desigualdades sociais. Para Ruedas, o debate desses vários aspectos permitirá que sociedade e categoria discutam os impactos da Psicologia na sociedade brasileira e a política da Psicologia brasileira. “Além disso, vamos analisar e trocar experiências com contextos de outros países, sobretudo latino-americanos.”

A coordenadora da comissão científica do Congresso, Maria da Graça Gonçalves, também destacou que o evento é resultado do trabalho de muitas pessoas e entidades “Talvez por isso tenha sido possível dar a ele esse caráter festivo que ele já tem”, resume. Ela ressaltou que atualmente existem cerca 400 cursos de graduação em Psicologia no país e aproximadamente 77 de pós-graduação e especialização, além dos quase 230 mil psicólogos ativos no Brasil. “São fatos que mostram o quanto a Psicologia é grande no Brasil, e por isso é grande sua responsabilidade. É fato também que essa Psicologia está representada nesse Congresso”, concluiu.

Representatividade

Também deram as boas vindas aos participantes do congresso Meire Muniz Viana, representante do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que destacou a diversidade presente na categoria; Elisa Zanerato Rosa, presidente do Conselho Regional de Psicologia (CRP) de São Paulo, bastante aplaudida ao se posicionar contra o preconceito separatista de uma parte dos paulistanos; Daniela Uga, representando o reitor da Uninove; o colombiano Edgar Barrero, da União Latino-americana de Entidades de Psicologia (Ulapsi); Juliana Fernandes, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; e Paulo Puttini, subsecretário de Saúde do município de São Paulo, representando o prefeito Fernando Haddad.

Os representantes de governos – Fernandes do federal e Puttini do municipal –, destacaram a importância do psicólogo no sistema público de saúde, inclusive no que diz respeito à mudança de uma mentalidade que ainda se preocupa pouco com o cuidado e com a atenção aos usuários. Fernandes lembrou do grande número de profissionais da psicologia contratados pelo SUAS – Sistema Único de Assistência Social – e Puttini fez o mesmo em relação ao SUS – Sistema Único de Saúde – na capital paulista. “Não é possível melhorar os serviços de saúde e superar a lógica manicomial se a gente não mexer nos processos de trabalho cotidianos, e a presença do psicólogo é fundamental nisso”, salientou o subsecretário.

Os números explicam por que organizadores e alguns participantes conhecem o evento como “Congressão”: foram 12.891 inscritos, provenientes de todos os 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal, e de outros catorze países, incluídos os latino-americanos e também Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde. O público reflete a diversidade da programação, incluindo desde estudantes de graduação – cerca 7,6 mil – a detentores do título de Doutorado – 1.215 inscritos; há, ainda, 397 estudantes que exercerão a função de monitores do evento. O estado que tem maior representação é São Paulo, seguido por Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Homenagens

Durante a cerimônia, a psicóloga Ana Bock, membro da secretaria executiva do IV CBP, foi chamada ao palco para homenagear pessoas importantes ligadas à Psicologia que faleceram no período posterior ao último Congresso. Elisa Zanerato, presidente do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP), foi a responsável por celebrar profissionais e professores que estavam presentes, e cujas trajetórias foram consideradas representativas pelas entidades do FENPB.

Programação

Os participantes poderão seguir a programação do Congresso e interagir com as redes sociais do evento por meio de um aplicativo para smartphones e tablets desenvolvido exclusivamente para o event. A ideia, segundo a organização, é incluir os participantes no registro e na divulgação das atividades, posicionamento que se estendeu também para as atividades culturais do evento, que serão oferecidas apenas por profissionais e estudantes de Psicologia ou pessoas relacionadas às causas do evento – por conta disso, não há pagamento de cachê para as atividades culturais.

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