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Alckmin adia ‘reorganização’. Quem acredita nele?

Sem revogação da medida, alunos devem manter as ocupações. Histórico faz com que alunos, professores e defensora sigam céticos sobre as intenções do tucano

Na tarde desta sexta-feira (4), o governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou constrangido, o adiamento da “reorganização escolar” no estado. O recuo do tucano foi recebido com ceticismo por alunos, professores e pela defensora pública Daniela Skromov, responsável pela ação civil que questiona juridicamente a medida que o governo paulista quer implementar nas escolas.

“Temos que ter segurança documental, não adianta só anunciar. Não podemos partir do pressuposto desse projeto, a proposta de diálogo tem que ser para a gestação de um novo projeto, esse já foi rejeitado pela sociedade”, afirma Daniela Skromov, que prefere ter cautela sobre as ações de Alckmin. “A condição de diálogo não é informar o que está sendo feito, não aceitaremos isso. Temos uma ação jurídica em curso.”

Em seu anúncio, Alckmin afirmou: “Recebi e respeito a mensagem dos estudantes e seus familiares em relação à reorganização. Por isso decidimos adiar a reorganização e rediscuti-la escola por escola”. Ao decidir adiar e não suspender, o tucano levantou suspeitas sobre suas reais intenções.

“Para quem já passou tudo que passamos com esse governador, eu acho que há motivos para ficarmos atentos. Não acredito no Alckmin, acredito na força da organização dos estudantes”, afirmou Maria Izabel Noronha (Bebel), presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e diretora executiva da CUT.

O perfil “Comando das escolas ocupadas”, no Facebook, que concentra as informações tomadas pelos alunos, anunciou que o movimento continuará. “A proposta de suspender, nada mais é do que adiar para o ano que vem. Chega de precarizar a nossa educação. Enquanto ele continuar autoritário, nós estudantes iremos lutar sem fim.”

Queda do secretário

Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, o secretário de Educação de São Paulo, Herman Voorwald, pediu demissão. Segundo o diário paulista, há “uma avaliação de que ele não soube conduzir a discussão em torno do projeto, que acabou se tornando no maior desgaste político do governador em 2015.”

Nesta sexta-feira (4), o governador recebeu uma péssima notícia. Sua popularidade está em queda livre no estado. Pesquisa do Datafolha mostra que seis em cada dez paulistas são contra o fechamento das escolas e 30% avaliam que a gestão de Alckmin é ruim ou péssima.

Escola invadida e saqueada

Na zona leste de São Paulo, no bairro José Bonifácio, a Escola Estadual Salvador Allende foi invadida e saqueada durante a madrugada da última quinta-feira (3). Alunos afirmam que por volta das 3h ouviram barulhos.

“Eles entraram pela outra portaria e quebraram toda a diretoria e secretaria”, explicou uma aluna que pediu para não ser identificada. Segundo os adolescentes, tablets e computadores foram roubados da escola.

Segundo os estudantes, não é a primeira vez que a ocupação é ameaçada. Na semana passada, três pessoas cometeram um assalto na frente da escola. “Mas o estranho é que tudo que eles roubaram foi jogado no meio do mato na frente do prédio”, afirmou outro estudante, que também não quer se identificar.

O receio dos estudantes é que o diretor da unidade, ao se deparar com a sala revirada e sem os itens roubados, responsabilize publicamente o movimento.

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