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Apesar de exoneração no Ministério da Saúde, movimentos mantêm mobilização

Aliviados com com saída do coordenador de saúde mental do Ministério da Saúde, Valencius Wurch, ativistas da reforma antimanicomial prometem prosseguir pressão para garantir avanços no setor

São Paulo – Ativistas do movimento pela reforma antimanicomial estão aliviados com a exoneração do ex-coordenador da área de saúde mental do Ministério da Saúde, Valencius Wurch, publicada na edição desta segunda-feira (9/5) no Diário Oficial da União. O psiquiatra é alvo de críticas e manifestações por sua saída desde que foi indicado ao cargo pelo ex-ministro Marcelo Castro (PMDB-PI), no final do ano passado.

“Da saída de Valencius, lamentamos apenas que tenha sido pela troca no ministério, e não devido às pressões do nosso movimento em defesa da saúde mental livre de manicômios e comunidades terapêuticas, as quais ele defendia. No entanto, precisamos estar alertas quanto ao substituto”, disse Evelyn Sayeg, representante do Levante Popular da Juventude na Frente Estadual Antimanicomial de São Paulo (Feasp).

A oposição se deve ao fato de Wurch ter sido diretor da Casa de Saúde Dr. Eiras, na Baixada Fluminense, que ficou conhecida como “Casa dos Horrores” pelas práticas desumanas adotadas no tratamento de doentes mentais. Além disso, Wurch se manifestou publicamente, por diversas vezes, contrário à reforma da saúde mental que prevê o fim dos manicômios e defende um atendimento humanizado, para que o doente seja tratado em liberdade.

Na avaliação do presidente do Sindicato dos Psicólogos de São Paulo (Sinpsi) Rogério Giannini, não há trégua na luta em defesa da saúde mental com a saída de Valencius. “Não faltam bons nomes entre especialistas afinados com a reforma antimanicomial. É grande a expectativa em relação ao nome do sucessor. Agora, o que não queremos, é que venham novos ‘valencius'”, afirma o dirigente.

Entre os nomes, segundo Giannini, está o do psiquiatra Ronaldo Laranjeira. Muito conhecido dentro e fora do meio, com forte presença na mídia. “Embora não expresse uma visão tão antiquada e retrógrada da saúde mental como Valencius, Laranjeira é até mais pernicioso. Tem ligações com hospitais, clínicas, laboratórios e com organizações sociais, defendendo claramente tais interesses. É também um sujeito das políticas tucanas em São Paulo e minimiza o trabalho desenvolvido pelos Centros de Atenção Psicossocial (Caps)”, diz o presidente do Sinpsi.

Outros nomes, também ligados à defesa do modelo de internação para tratamentos psiquiátricos, são do Padre Haroldo, criador de uma comunidade terapêutica de mesmo nome, em Campinas (SP).

No próximo dia 18, data nacionalmente dedicada à luta antimanicomial, com atos marcados nas principais cidades brasileiras, os ativistas  reforçarão as pressões contra retrocessos no setor. Em São Paulo, o ato será a partir das 13h, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista.

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