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‘Emergências’ abre espaço para diversidade cultural e discussão sobre mídia livre

Festival realizado desde segunda-feira no Rio de Janeiro segue até domingo

São Paulo – O ‘Projeto Emergências’, realizado na Região Metropolitana e na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, é uma iniciativa que debate temas como a luta dos povos indígenas, as reivindicações da igualdade de gênero, as novas mídias e o meio ambiente. Em entrevista à repórter Ana Ribeiro da TVT, o líder da tribo Kaiowá e Guarani Jorge da Silva, explica que a luta indígena não é atual. “A minha terra fica em Bela Vista, e desde 1970, quando fomos despejados, estou lutando para receber a minha terra de volta.”

O ‘Emergências’ é um evento promovido pelo Ministério da Cultura sobre comunicação, arte, ativismo e política. A programação completa está no site emergencias.cultura.gov.br.

Durante um debate, João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST, disse que a resistência indígena também está inclusa na luta de classes. “A luta dos indígenas nas comunidades rurais, nunca se viu antes como agora, se tratando de caráter de luta de classes. A luta de defesa de território é a luta de classes contra o capitalismo mundial.”

A participação dos povos indígenas nas decisões sobre cultura no país é recente, ela vem sendo construída no Brasil desde 2003, quando a cultura passou a ser entendida em três dimensões: simbólica, cidadã e econômica.

A gestora cultural Fabiana Fernandes afirma que o momento atual é de extermínio à cultura e aos povos indígenas. “A gente vive um momento de genocídio cultural, genocídio físico e violações de direitos humanos e ambientais, que espaços como o Emergência nos permite evidenciar isso, e tentar achar uma solução para o problema.”

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Direito à cidade

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, lembra que grandes obras realizadas nas cidades servem para atender aos interesses empresariais, não da sociedade. “Os megaeventos esportivos, onde quer que eles passaram, deixaram mais antilegados do que legados. Esses megaeventos estão associados a grandes interesses imobiliários, e o legado que deixam é um gasto impróprio do dinheiro público, pois são projetos que interessam à infraestrutura de hotéis, turística, que não são do interesse maior do povo.”

Segundo a professora da USP Ermínia Maricato, no capitalismo, a segregação vira palavra de ordem nas grandes cidades. “O que os trabalhadores querem na cidade? Um lugar para morar, bom transporte, recursos de saúde. E o que o capital quer para a cidade?”

Mídia livre

O evento também abriu espaço para debate sobre a mídia livre e a democratização dos meios de comunicação. A jornalista do Jornalistas Livres Laura Capriglione destacou a importância e os desafios da mídia livre na disputa da narrativa nos meios de comunicação. “As pessoas não se reconhecem nos meios tradicionais, são narrativas imensas que fazem, mas as pessoas assistem e dizem que não é movimento delas. Na luta das escolas em São Paulo a mídia tradicional passou um bom tempo chamando as ocupações de invasão, mas quem pode ocupar uma escola a não ser os alunos já que eles são o destino final da escola.”

Durante o ‘Emergências’ também foi discutida política e o avanço das forças conservadoras na América Latina. “Muitas vezes falando muito do que conquistamos e ganhamos, e esquecemos que isso já está posto, nos acostumamos a lutar pela resistência, e não estamos construindo nada”, afirmou o fundador da Telesur, Aran Aharoniam.

O ‘Projeto Emergências’ começou segunda-feira (7) e vai até domingo (13). O evento conta com a participação de mais de 300 pensadores, ativistas, gestores e agentes políticos. No primeiro dia, o festival contou com a participação do músico e ex-ministro Gilberto Gil.

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