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Gestão de Kassab não dialoga com parlamentares e lideranças sobre a situação dos sem-teto do centro da capital

Apesar do acordo firmado com representantes da administração do prefeito Gilberto Kassab, lideranças de movimentos de moradia e parlamentares petistas só foram recebidos para uma conversa com o secretário municipal de Assuntos Institucionais, Antonio Maluf, depois de um impasse.

A reunião estava agenda para ocorrer, na manhã de sexta-feira (11), às 10 horas, na sede da prefeitura com a participação dos secretários municipais Antonio Maluf, de Assuntos Institucionais, e Ricardo Pereira, da Habitação. No entanto, os participantes foram surpreendidos com a informação de que apenas os parlamentares seriam recebidos.

Diante da situação, houve protestos e foi decidida que a reunião só aconteceria com a presença de todos. A comitiva estava composta pelos deputados Enio Tatto, líder da Bancada do PT, Simão Pedro, Isac Reis e Luiz Claudio Marcolino, acompanhados pela vereadora da capital Juliana Cardoso, também do PT, e representantes da Central de Movimentos Populares, Sem Teto, Frente de Luta, União de Luta por Moradia, entre outros. Depois de muitas conversas todos se dirigiram ao local e aí nova decepção, o secretário municipal de habitação Ricardo Pereira não compareceu.

Houve novos protestos seguidos de indignação provocada pela justificativa do secretário de Assuntos Institucionais. “Nós não conversamos com invasores, só receberemos uma comissão quando saírem dos prédios”, sentenciou Maluf.

Sob protestos e contrariados os participantes se retiraram do local e o encontro foi encerrado sem encaminhamentos e perspectivas de solução do impasse.

Da ocupação
Desde a madrugada do dia 6/11, a população do município de São Paulo assiste as mobilizações dos integrantes de diversos movimentos de moradia, que diante da omissão e falta de diálogo do prefeito Gilberto Kassab, decidiram pelas ocupações para chamar a atenção e denunciar a falta de política pública da prefeitura para a questão habitacional.

Segundo lideranças dos movimentos, a administração do prefeito Kassab não cumpriu com a determinação judicial de inscrevê-los em um programa de habitação.

Na quinta-feira (10/11), ocorreu a reintegração de posse de umas das nove ocupações, o mandado foi dirigido ao antigo edifício Cineasta, situado na esquina da avenida São João com a avenida Ipiranga, e foi executado pela Polícia Militar sem resistência dos ocupantes, que integram movimentos sociais como a Central de Movimentos Populares (CMP) e a Frente de Luta por Moradia (FLP).

O prédio, que pertence à Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), foi emparedado por já ter um destino certo. Está em processo de licitação para ser o `Lar dos Artistas`. Segundo a diretora administrativa da Cohab, Elcita Ravelli, 56 pessoas foram catalogadas para um programa de habitação, mas segundo os sem-teto haviam 350 ocupantes no imóvel. Eles não aceitaram a sugestão da Secretaria de Assistência Social de ir para um albergue.

Truculência policial
Durante a desocupação, deputados estaduais tentaram negociar com policiais militares para evitar excessos. Os parlamentares perceberam que a PM chegou ao local para a desapropriação antes mesmo do oficial de justiça, a quem cabe fazer a reintegração de posse. Para evitar conflitos procuraram o comandante da operação e alertaram que eles não tinham o papel de obrigar a desocupação.

Apesar disso, alguns PMs não se contiveram e chegaram a empurrar um dos parlamentares, o deputado do PT Luiz Claudio Marcolino, enquanto um dos líderes do movimento, Luiz Gonzaga da Silva,- o Gegê – discursava no carro de som.

Em Plenário, Marcolino afirmou que encaminhará as imagens ao secretário estadual de Segurança Pública Antonio Ferreira Pinto. “Nós temos leis claras e para todos, para a Corporação da PM e para os movimentos sociais”, destacou Marcolino. 

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