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Justiça desacelera higienização de Doria e proíbe violência na Cracolândia

Contra as ações recentes na Cracolândia, a Defensoria Pública de SP obteve nesta quarta-feira (24) uma decisão judicial liminar que proíbe as gestões do prefeito João Doria e do governador Geraldo Alckmin, ambos do PSDB, de darem continuidade às remoções compulsórias de pessoas e às demolições de edificações com moradores, na região da Cracolândia, no centro da capital.

Qualquer remoção está proibida sem que se faça prévio cadastramento das pessoas para atendimento integrado que envolve atenção à moradia e à saúde.  Considera também animais de estimação e pertences dos moradores e estabelece, em caso de descumprimento, multa diária de R$ 10 mil.

Vice-presidenta da Federação Nacional dos Psicólogos (Fenapsi), Fernanda Magano, também dirigente do Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo (SinPsi), expõe a contrariedade dos movimentos de direitos humanos e critica o modus operandi de Doria.

“Na gestão de Fernando Haddad (PT) havia uma atuação integrada com várias áreas como saúde, assistência social, segurança pública e trabalho e hoje vemos uma ação que é policialesca, repressora, que age para fazer uma limpeza étnica, além de ser absolutamente capitalista”, afirma.

O presidente do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, Aristeu Bertelli, também compara com gestões anteriores. “Parecem ter perdido a noção e parece uma cópia mal feita da Operação Dor e Sofrimento da Prefeitura de São Paulo, em 2012, na gestão (Gilberto) Kassab, na região. Agora chegaram com uma carga maior de violência. As notícias que temos dão conta de que as equipes de profissionais estão sem saber como atuar neste momento, elas que contam com estrutura mínima de apoio. Vale recordar que a prefeitura rompeu o compromisso que foi empenhado em reunião na sede do Ministério Público de São Paulo nos últimos dois meses”, relata.

Tanto Alckmin como Doria, na avaliação de Fernanda, fazem propagandas falaciosas. “Tentam lançar um projeto de moradia social, mas que no fundo tem interesses privatistas. Sem falar que a forma como estão lidando não é pelas políticas públicas. Defendem a internação compulsória como primeira medida quando, na verdade, deveria ser última medida, em um tratamento feito em meio aberto pela rede de atenção psicossocial”, avalia.

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