É com pesar que o SinPsi informa o falecimento deste grande psicólogo
Foi encontrado na manhã desta sexta feira, 5 de fevereiro, o corpo do psicólogo Marcus Vinicius (ao centro na foto), na Ilha de Itaparica-BA.
Sobre ele há muito o que se falar. Marcus era psicólogo, professor aposentado da Universidade Federal da Bahia. Lá, formou gerações de psicólogas (os), inspirou estudantes, realizou e participou de importantes pesquisas na área.
Foi também um incansável defensor da Psicologia e das psicólogas (os). Atuou em gestões do Conselho Federal de Psicologia, levando o Conselho, juntamente com seus companheiros, a um patamar superior, ao apresentarem uma perspectiva dialogal, menos fiscal, mais construtora de referências, que pudessem orientar a categoria na direção de posturas éticas e comprometidas com nossa realidade. Reconhecendo a dimensão política do fazer psi, colocaram a Psicologia em defesa das políticas públicas, das ações que conduzissem à promoção do bem comum.
Marcus foi incansável defensor e trabalhador em prol da saúde mental, da luta antimanicomial, da construção de uma compreensão da loucura sem rótulos, estigmas e discriminações.
Junto com outros companheiros, fundou o movimento Cuidar da Profissão, que trouxe de forma organizada e coletiva a preocupação e compromisso com os dilemas e problemas da realidade brasileira e de nossa gente. O compromisso social da Psicologia passou a orientar discursos e práticas profissionais e de formação.
Foi com esse espírito, o do compromisso com nossos povos e com as transformações sociais em busca de uma sociedade mais justa e igualitária, que Marcus Vinicius sempre se posicionou e comportou como cidadão, cujas ações extrapolavam a dimensão estrita da profissão, e o inseriam nos conflitos do cotidiano de nossa sociedade.
Ao defender uma comunidade indígena em um conflito de terras na Bahia, cumpria seu papel cidadão, assumia seu lugar na luta – pelos oprimidos, pelos que sofrem diuturnamente com um genocídio que se iniciou no descobrimento e nunca terminou. Buscava entendimento, alternativas que conduzissem ao diálogo, à convivência.
Mas os que defendem a propriedade sem ética, a posse sem direitos, o extermínio dos que resistem, decretaram sua morte. Marcus foi encontrado hoje, assassinado.
Marcus Vinicius morreu como viveu toda sua vida – lutando por justiça.
Perde sua família, perde a Psicologia, perdemos nós, seus companheiros. E, principalmente, perde a sociedade brasileira em sua árdua luta por justiça, igualdade, democracia.