Notícias

No mês das Olimpíadas do Rio, CRP/SP aborda o trabalho d@ psicológic@ no esporte

No campo da psicologia existem diversas vertentes teóricas para explicar e orientar as intervenções sobre o comportamento humano, visando a promoção da saúde, a adaptação do indivíduo em relação a necessidades particulares e/ou sociais. Tais intervenções podem ser necessárias em função de uma demanda da pessoa, da exigência de uma circunstância ou desafio ao qual ele se propõe superar. Um destes ambientes é o contexto esportivo.

A despeito de toda diversidade no campo do conhecimento e da aplicação em psicologia, consideramos útil sugerir uma forma de compreensão que favoreça o diálogo com o público leigo, ou melhor dizendo, aquelas pessoas que não dominam os termos técnicos e as estratégias específicas de atuação da psicologia.

Assim, propomos didaticamente que o “psicológico” seja compreendido como as manifestações do comportamento humano, nas dimensões cognitiva, emocional e psicossocial. Em outras palavras, o psicólogo estuda e desenvolve estratégias de atuação profissional relacionadas aos aspectos ligados ao pensamento, tomadas de decisão, atenção, concentração e memória (como exemplos da dimensão cognitiva), ansiedade, motivação, stress, insegurança, autoconfiança (como exemplos da área emocional) e aos aspectos interpessoais do comportamento como liderança, comunicação, união, coesão, entre outros (no campo psicossocial).

A partir disso, podemos nos orientar a respeito do fenômeno psicológico no esporte. Em primeiro lugar, fica evidente que expressões muito conhecidas como “faltou cabeça” ou “não tinha preparo mental” referem-se a um aspecto psicológico, aquele relativo à dimensão cognitiva. O ideal seria dizer que um atleta ou praticante de atividade física precisa de preparação psicológica, o que significa dizer que este indivíduo tem necessidade de potencializar habilidades psicológicas relativas à sua prática esportiva.

As habilidades psicológicas são adquiridas e aprimoradas através do trabalho do atleta nos treinos e também através de experiências em competições. Assim como as habilidades físicas, as psicológicas devem ser incorporadas no treinamento diário e ser integradas em um ambiente de aprendizagem que proporcione o desenvolvimento de aspectos físicos e emocionais do atleta de forma que seja indissociável da parte mental. O treino das habilidades psicológicas procura fazer com que o indivíduo identifique, em seu comportamento, na relação de suas expectativas, objetivos e potencialidades, os sinais para desenvolver caminhos para reagir e lidar com o momento da competição e com as pressões que o acompanham muito antes da competição.

Embora muito se fale sobre a atuação do psicólogo no contexto esportivo e da necessária especialização deste profissional para compreender e atuar nas situações práticas é importante lembrar que as ações relativas a esse “campo psicológico” não acontecem exclusivamente sob seu comando. Como assim?

Enfatizamos que o planejamento, intervenção e avaliação sobre os aspectos psicológicos do desempenho esportivo correspondam a atividades especificas do psicólogo, porém todos os demais profissionais do esporte (treinadores, nutricionistas, médicos, preparadores físicos e até dirigentes) têm atuações ligadas ao comportamento dos atletas e, portanto, há uma mútua influência. 

Neste sentido, podemos exemplificar, como uma ação comum dos treinadores, as orientações na “preleção” das competições. É sabido que, em algumas modalidades, o tom de voz, o uso de rituais, músicas ou outros instrumentos são estratégias utilizadas com intenção de “motivar” e direcionar o comportamento dos atletas. Do mesmo modo, as dificuldades de comunicação ou eficientes estratégias de liderança podem ser bem dominadas por um treinador experiente.

Queremos esclarecer assim, que o fenômeno psicológico no esporte corresponde, também, aos comportamentos de todos os envolvidos e que há mútua influência nas manifestações de atletas, profissionais e até mesmo dos torcedores. O treinador atua constantemente sobre o aspecto cognitivo de atletas em suas orientações; o grupo de trabalho tem uma dinâmica de funcionamento mais ou menos favorecedora da cooperação ou de posturas individualistas e todos aqueles que se interessam ou praticam esportes sofrem forte impacto emocional por conta desta prática. Todos nós como torcedores, jornalistas, dirigentes ou familiares estamos muito interessados em usufruir do desempenho dos atletas e vibrar, gritar e até xingar, mas sobretudo emocionar-se.

Portanto, o “psicológico” está presente em todas as rotinas e atividades das praticas esportivas, quer sejam as prazerosas experiências de lazer e tempo livre, quer seja nas dificuldades e desafios da reabilitação de lesão ou na superação existente no cotidiano de projetos esportivo sociais.

Contudo, apesar do “psicológico” ser parte da rotina de ação de diversos profissionais, o psicólogo é o especialista credenciado para analisar, explicar e intervir sobre as demandas de adaptação de comportamento como citado acima.

Confira a página temática Psicologia do Esporte, clicando aqui.

Deixe um comentário