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Pesquisadores e profissionais reúnem-se para definir propostas específicas sobre a questão racial e a Psicologia

Com a participação maciça e representativa de 250 profissionais e pesquisadores de 14 estados brasileiros, o I Encontro Nacional de Psicólogos (as) Negros (as) e Pesquisadores sobre Relações Interraciais e Subjetividade no Brasil – I PSINEP realizado entre os dias 13 a 15 de outubro, no Instituto de Psicologia – USP, ratificou-se como um espaço importante de debate sobre as especificidades étnico-raciais na Psicologia e os desafios no enfrentamento das barreiras sociais.

Através de diferentes tipos de trabalhos, como oficinas, mesas temáticas, exposição de pôsteres animados e comunicações orais, os participantes puderam expor e conferir um panorama geral dos estudos e trabalhos desenvolvidos sobre a questão racial e a Psicologia, ampliando as linhas de pesquisas e trabalhos relacionados à temática. Destaque para as duas conferências principais que abordaram ‘a questão racial e as políticas públicas no Brasil’ e ‘o embranquecimento, pertencimento étnico-racial e identidade fragmentada: contornos e contextos da psicologia pfrobrasileira’.

“Pela primeira vez no Brasil nós construímos um espaço de discussão para esta temática, onde pudemos organizar um segmento da categoria que, por suas especificidades étnico-raciais, enfrenta barreiras sociais para seu pleno desenvolvimento. Este foi o primeiro passo para o fortalecimento dos espaços de discussão, diálogos e troca de experiências entre pesquisadores e profissionais”, destaca Maria Lúcia da Silva, do Instituto AMMA Psique e Negritude e uma das organizadoras da atividade.

Entre as propostas aprovadas durante o Encontro destacam-se a construção de uma rede de psicólogos, profissionais e pesquisadores sobre relações raciais e psicologia, introdução no CONPSI e na ABRAPSO a temática das relações raciais além de elaborar teses para o Congresso Nacional da Psicologia, elaboração de uma publicação sobre as relações históricas da psicologia com o racismo, sistematizando a produção desse conhecimento (obras, autores, períodos, etc), produção de um oficio que será enviado a ouvidoria do SUS para levantar quantas pessoas são os atingidas pela discriminação racial.

Para além das questões gerais, surgiram propostas ao Sistema Conselhos de Psicologia (Conselho Federal e Conselhos Regionais) como o mapeamento das experiências do Sistema Conselho no campo das relações raciais e a construção de estratégias para criação de grupos de trabalho sobre relações raciais nos regionais, propostas à Academia/Universidade e à Saúde Pública.

Para que estas proposições sejam efetivamente implementadas, conforme relata Maria Lúcia, será muito importante o fortalecimento das parcerias com as entidades da Psicologia. “O apoio do SinPsi, por exemplo, foi essencial na construção e organização deste evento. A partir deste eixo podemos estabelecer uma relação política porque não haveria a possibilidade de fazer algo efetivo se a gente não tivesse a parceria das entidades da Psicologia.”

Além do apoio, o SinPsi também foi representando pelo seu presidente, Rogério Giannini, que participou no dia 15 da mesa que debateu o papel das instituições de classe no enfrentamento ao racismo e sexismo institucional.

Todas as atividades do Encontro foram organizadas a partir de três eixos: relações históricas da psicologia com o racismo: a produção de conhecimento, a prática e a formação; racismo e sofrimento psíquico: desafios para a psicologia e os(as) psicólogos(as) e a configuração do mundo profissional e social para o(a) psicólogo(a) negro(a) no Brasil.

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